Editorial.

O absurdo da violência com quem faz a saúde

Publicado em 01/09/2020 às 08:29.Atualizado em 27/10/2021 às 04:25.

O direito à saúde é inalienável e integra a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Como mostra reportagem nesta edição, no entanto, há (e não são poucos os casos em Minas) quem exagere na busca por tal prerrogativa. De forma destemperada e injustificável, ataca-se os profissionais da área, especialmente nas unidades públicas de atendimento. A estimativa do Sinmed é de que a cada dois dias um médico seja agredido física ou verbalmente por um paciente no estado.

É necessário partir da premissa de que o sistema público de saúde no Brasil é subdimensionado, luta com a escassez de recursos (inclusive de material humano) e, ainda assim, presta um serviço digno de elogios. Não por acaso, em algumas áreas (como na atenção à gestante, por exemplo), é citado internacionalmente como exemplo positivo. 

Muito antes do exemplo de empenho e entrega que se tem na pandemia, os profissionais de UPAs e hospitais públicos já se superavam na tentativa de fazer o melhor em condições distantes das ideais. O objetivo é defender a vida humana e lutar por ela - e a chegada da Covid-19 tem sido inclusive ingrata para com quem integra a chamada linha de frente, ao tirar centenas de vidas de quem está ali por elas.

Por outro lado, não há dor ou quadro clínico que justifique superar a linha tênue do respeito. É preciso enxergar médicos, enfermeiros, anestesistas e técnicos como aliados. Humanos, e portanto passíveis de erro sim, mas, na sua grande maioria, compromissados com a tarefa que abraçaram para as respectivas vidas. 

Em tempos nos quais a empatia é mais importante e, da mesma forma, tem sido solenemente ignorada em inúmeras situações, reações agressivas apenas expõem o que há de pior em nossa sociedade. E mostram que há muito a evoluir em termos do comportamento social. 

Não se trata, infelizmente, de exceção. Basta ver como muitas vezes caixas de banco, motoristas do transporte coletivo ou vendedores acabam injustamente culpados por falhas das empresas que representam, que não são de nenhuma forma culpa sua. Tentar ganhar no grito é uma das mais tristes manifestações de pequenez humana e desrespeito ao semelhante.

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