Há algo de positivo que já pode ser tirado no Brasil da pandemia provocada pelo novo coronavírus além das inúmeras manifestações e correntes de solidariedade para superar o momento delicado. Tem, aliás, relação direta com elas, e envia uma mensagem que não deve ser ignorada pelos governantes e pela iniciativa privada em suas variadas esferas.
Em todos os cantos do país - e Minas não é diferente - testemunha-se o surgimento de iniciativas e projetos que respondem, de forma rápida, às principais carências relativas à questão da saúde. Faculdades, escolas, centros de pesquisa, mas também iniciativas individuais ou de grupos têm proporcionado o desenvolvimento de ventiladores pulmonares e respiradores com menor custo de produção; escudos faciais, máscaras, entre outras ideias para otimizar os recursos à disposição que, como se sabe, são limitados.
A emergência mundial mostrou como, mesmo com as mais que sabidas dificuldades econômicas e desigualdades sociais, há, e de sobra, competência, inteligência, criatividade e empenho na sociedade. O que parece não haver, ao menos até agora, é a atenção do poder público para tamanho potencial. Não se vislumbra instrumentos de aplicação prática, políticas de estímulo ao desenvolvimento de soluções racionais. Algo que vai muito além da saúde propriamente dita, e que pode impactar positivamente em áreas como saneamento básico, planejamento urbano, mobilidade e, em um espectro mais amplo, no desenvolvimento econômico e social.
Ao contrário, nota-se perigosa tendência a reduzir investimentos na pesquisa universitária, criação de barreiras e alguma indiferença em relação aos resultados obtidos. Justamente quando fica mais claro como soluções inteligentes, rápidas e de fácil execução podem ajudar, e muito.
Assim como as lições que serão deixadas, também este legado não pode ser desperdiçado. Doenças e riscos dos mais variados continuarão a existir, assim como outros desafios. Ignorar o manancial existente na sociedade brasileira será um erro histórico. Espera-se mais e melhores canais de diálogo, integração e aplicação de soluções e tecnologias. Que também os setores produtivos saibam enxergar, valorizar e se beneficiar de tamanha capacidade. Fará muito bem ao Brasil em todos os aspectos.