Editorial.

O duro recomeço

04/05/2016 às 21:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:16

A conclusão da nova Bento Rodrigues está prevista para 2019. No próximo sábado, os moradores elegem o local em que será erguida a nova comunidade, depois da devastação provocada pelo rompimento da barragem da Samarco, que completa seis meses. A intenção é que possam continuar juntos, com área disponível para plantação. Certo é que a vida não será a mesma, especialmente para os que perderam parentes na tragédia. 

São seis meses de sofrimento e luta, não só para os moradores de Bento Rodrigues e Mariana, como para todas as comunidades afetadas pela poluição do rio Doce, um evento de proporções inimagináveis. A destruição do rio é uma herança deixada para muitos anos, com consequências gravíssimas para o abastecimento de água e a atividade pesqueira. 

Não há dinheiro que pague, que anule os efeitos da tragédia, sobre aspectos humanos, sociais e até materiais. Mas era esperado que as multas aplicadas às mineradoras responsáveis fossem pagas e revertessem em investimentos locais. Infelizmente, a burocracia e morosidade dos processos dos quais depende o pagamento das penas aplicadas deixa intranquilas as vítimas do rompimento da barragem. 

Enquanto esperam retomar a vida nas novas e definitivas moradas, as famílias atingidas pelo fim de Bento Rodrigues vivem com um salário mínimo e complemento por dependente, além de uma cesta básica. Os familiares dos mortos na comunidade receberam R$ 100 mil como antecipação da indenização, dinheiro usado geralmente para a retomada da atividade produtiva. 

A reconstrução do espaço urbano é importante e parece encaminhado, mas não se pode esquecer a transformação social que a tragédia representa na vida desses moradores. Não pode cair no esquecimento o sofrimento dessas pessoas, que continuarão aguardando a indenização no valor digno para retomarem suas vidas. Que sejam pagas as multas cobradas, ainda que os danos ambientais não possam ser sanados. Todos os municípios afetados pela devastação do rio Doce aguardam também suas parcelas de recursos. O poder público, em todas as suas esferas, deve continuar lutando para que a conhecida tragédia de Mariana, ainda que fique na história como uma mancha, deixe de ter efeitos no presente ou os mantenha de forma minimizada. 

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