Já deu para perceber que o Brasil não vai sair dessa situação se não retomar o ciclo virtuoso do crescimento, voltando a gerar empregos, aumentando a renda da população e alavancando o consumo. A maior parte dos empresários sabe que tempos de crise são de oportunidade. Mas fica muito difícil arriscar em um clima de incerteza.
O grande pontapé inicial para a retomada do crescimento do país deve, portanto, ser dado pelos governos. São eles que definem a regra do jogo, por meio de reformas e de investimentos, embora também estejam atingidos pela queda de receita. No entanto, sem estímulo, não haverá muita gente a fim de crescer, e o país ficará estagnado.
O governo de Minas mostra que está se mexendo, na medida do possível, para alavancar investimentos. Conforme destacamos na edição de hoje, o Estado tenta de vez acabar com o impasse burocrático envolvendo os distritos industriais, uma luta de décadas de entidades de classe empresariais.
O governo busca ser justo ao querer de volta terrenos que foram cedidos a empresários para que eles instalassem indústrias, mas os imóveis acabaram sendo usados para especulação imobiliária. Nunca é demais ressaltar que são terrenos públicos que deveriam ser usados para gerar empregos e melhorias sociais, mas que empresários movidos pela ganância nunca levantaram um escritório sequer, esperando que a valorização de um bem de todos seja convertido em ganho privado.
Com a posse dos terrenos na mão, Minas poderá negociá-los com os verdadeiros empresários que querem, claro, uma boa oportunidade de negócio, mas também têm consciência do impacto social que a atividade que comandam provoca, principalmente na geração de postos de trabalho.
O cuidado que o Estado deve ter é para que não haja uma repetição do que ocorreu há 40 anos, quando não havia nada que obrigasse efetivamente quem recebeu as terras construir as empresas no local. A medida precisa ser “bem amarrada” para dar certo.
Com todas as precauções, esse pode ser um bom exemplo para municípios e governo federal aliviarem os cofres e criarem um ambiente para o crescimento de empresas, sem burocracia. Esse é o verdadeiro papel do Estado.