Editorial.

O medo diário de pegar ônibus

02/08/2016 às 08:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:06

Andar de ônibus nunca foi uma missão fácil e confortável para o morador da região metropolitana de Belo Horizonte. Embora o sistema tenha melhorado com alto investimento nos últimos anos no Move, a população agora vive com problemas além do trajeto em si: a alta nos assaltos a coletivos.

Um crescimento de 66% no número de ocorrências de 2015 para 2016 é bastante significativo. E as ações criminosas não ficam restritas mais ao assalto ao cobrador ou à bilheteria do sistema Move, com o objetivo de furtar o dinheiro do dia. Afinal, o uso cada vez maior dos cartões reduziu drasticamente o volume de dinheiro que circula nos coletivos.

O alvo preferido dos assaltantes é o passageiro, sempre o lado mais fraco e impotente. Por isso, muitos bandidos estão assaltando nos pontos, antes mesmo da pessoa pegar a condução. Aí é uma questão mais de segurança pública do que de segurança do sistema de transporte público.

Claro, não dá para a Polícia Militar colocar um policial em cada ponto de ônibus da cidade para evitar casos de assalto, principalmente no período noturno, mas o balanço mostra que as ações precisam ser intensificadas para coibir a ação dos bandidos.

Além da segurança dos passageiros em si, outra forma de coibir esses assaltos é atacar a rede de receptação de produtos roubados. E, nesse caso, estamos falando de uma rede que ‘trabalha’ com produtos bem específicos, principalmente os celulares.

Como atualmente dá para fazer quase tudo por celular, muita gente prefere investir um dinheiro maior comprando um produto de qualidade e boa capacidade do que, por exemplo, em um computador. E os criminosos estão de olho justamente nesses aparelhos mais modernos, que são comprados pela população, na maior parte das vezes, em várias prestações que consome boa parte do ganho mensal.

Enfim, o prejuízo de um roubo é muito grande, pois a vítima terá que pagar pelo aparelho roubado e, nesses tempos de crise, dificilmente conseguira comprar um igual. Mas bandido não fica muito tempo com a prova do seu crime e precisa desfazer rapidamente do produto roubado, na troca por dinheiro e drogas.

A polícia, portanto, precisa reprimir de maneira mais efetiva a ação dos receptadores desses materiais e a venda no mercado paralelo, com trabalho intenso de investigação. Sem ter para quem vender o material roubado, o roubo passa a não ser viável economicamente e o número de ocorrências diminuirá.

O cidadão, que já vive um momento de incerteza no trabalho, por causa da crise, precisa se sentir mais seguro também ao sair de casa diariamente.

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