Editorial.

O que virá após o impeachment?

24/08/2016 às 20:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:32

Começa hoje a etapa final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal. Será o mais longo capítulo de todo a história do afastamento da petista do cargo, com duração estimada de quatro dias. 

E pelo clima em Brasília, as possibilidades de uma reviravolta são pequenas, caso não apareça algo extraordinário. Os apoiadores da presidente vão, claro, manter o otimismo na frente das câmeras e dos gravadores, mas sabem que a reversão do quadro é improvável. Aliás, não há nem nas ruas mobilizações significativas contra ou a favor da saída definitiva de Dilma Rousseff. O brasileiro parece cansado disso. 

Seja apoiado pela maioria dos congressistas e da população ou não, um processo como esse é sempre traumático, principalmente em uma democracia tão jovem como a brasileira. E não há como ter absoluta certeza de como o país e a política brasileira vão ficar de todos esses acontecimentos. 

Começando pela possibilidade mais provável, que é a confirmação do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. Terá Michel Temer condições de conduzir o país à retomada do crescimento? O governo interino comandado por ele definiu algumas reformas como prioridade, mas vem enfrentando imensas dificuldades em convencer parlamentares a votá-las. Talvez por um receio dos nobres políticos em tomar decisões impopulares nas vésperas das eleições. Ou será que a capacidade de negociação de Temer pode não ser muito grande, conforme a antecessora? Os investimentos internacionais voltariam com a confirmação da troca? 

E como pensar o Brasil no caso de um retorno de Dilma Rousseff ao poder? A petista ainda teria que governar com uma parcela muito grande de oposicionistas no Congresso, principalmente na Câmara. Ela colocaria em discussão reformas que são, hoje, as bandeiras de Temer e que nem seu governo nem a gestão do ex-presidente Lula colocaram em pauta? Conseguiria aprová-las? O PT partiria para a radicalização do discurso, aproximaria-se mais dos movimentos sociais, já que não teria muitos apoiadores assim no Legislativo? 

Esperamos que a melhora da situação dos brasileiros seja a prioridade já no primeiro dia de um novo governo que deverá começar, seja quem for a pessoa a ocupar a principal cadeira do Palácio do Planalto. 
 

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