Editorial.

Osso duro de roer

06/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:45

A crise que vive o Brasil, há pelo menos dois anos de forma mais grave, atingiu todos os setores da economia. O mercado imobiliário, segmento que mais cresceu durante o auge econômico, sofreu bruscas quedas tanto na locação quanto na venda de unidades residenciais.

O desemprego e a consequente redução do poder aquisitivo do brasileiro se tornaram combustível para o aumento de imóveis financiados que vão à leilão, de acordo com o presidente da Associação dos Mutuários e Moradores de Minas Gerais, Sílvio Saldanha, entrevistado desta segunda-feira do Página Dois.

A explicação é simples. Aqueles brasileiros que já haviam contratado financiamento da casa própria e ficaram desempregados ou tiveram a renda comprometida por uma outra situação pararam de pagar as prestações ou as estão pagando em atraso.

O que acontece é que os bancos também estão sem dinheiro e verbas (os públicos), por isso, a negociação entre os devedores e as instituições financeiras ficou praticamente inviabilizada, já que os bancos têm preferido reaver os imóveis do que esperar pelos pagamentos.

Caso a pessoa fique três meses sem pagar as prestações, o bem pode ir à leilão, na hipótese de não haver acordo. Sílvio Saldanha afirma que, nos últimos dois anos, a ida de imóveis à leilão aumentou quatro vezes, comprovando toda essa história.

No caso dos aluguéis, na tentativa de contornar a crise, as imobiliárias têm convocado os locatários a negociar os valores para que não percam os clientes e nem o rendimento econômico dos imóveisúltimos dois anos, a ida de imóveis à leilão aumentou quatro vezes, comprovando toda essa história

O Índice FipeZap, que acompanha o valor do metro quadrado anunciado em 20 cidades brasileiras, registrou, no último mês, a menor variação do preço de venda em 12 meses (0,11%) desde o início da série histórica.

Os preços estão estáveis, mas os imóveis têm se desvalorizado em relação a outros produtos que têm crescido com a inflação. Mais uma prova de que realmente o mercado imobiliário está no fundo do poço, esperando que alguém estenda a mão para erguê-lo.

Neste cenário, aqueles que já estão com um financiamento em curso, e já vislumbram uma dificuldade de cumprir os compromissos de pagamento, é bom entender que as negociações com os bancos não estão adiantando, chama a atenção o entrevistado Sílvio Saldanha.

A dica, segundo o especialista, é procurar um profissional especializado em Direito Imobiliário e entrar na Justiça. Porque as instituições financeiras não querem abrir mão dos imóveis, nem com dinheiro para pagar...

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