O mundo vive um cenário de certa forma inédito nos últimos séculos, considerando que a epidemia global de Gripe Espanhola ocorreu num outro contexto histórico. A facilidade de deslocamento de pessoas e informações, bem como a evolução tecnológica, trazem um panorama sem precedentes no que diz respeito à pandemia de Covid-19.
Nenhuma das epidemias mais recentes (SARS, H1N1, Ebola), ainda que potencialmente mais letais, provocou tamanho número de infectados e mortos. Estatísticas que se tenta frear de forma obsessiva, para evitar uma tragédia de saúde ainda pior.
]Neste aspecto, as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para adotar e manter o isolamento social se mostram as mais adequadas, e corroboradas por inúmeros estudos científicos divulgados nos últimos dias. De tal forma que mesmo a maior potência do planeta - os Estados Unidos - determina que sua população se mantenha em casa, pelo menos, até o próximo dia 30.
As realidades dos países atingidos (a este ponto, todo o mapa-múndi) são distintas em todos os aspectos: social, faixa etária, posição geográfica, poderio econômico. Limitar o contato populacional e a disseminação do novo coronavírus, no entanto, é um traço comum a todos, sempre sob a lógica de que não há estrutura de saúde capaz de absorver uma explosão ainda maior de casos.
Entende-se a preocupação de setores econômicos especialmente impactados e o desejo de voltar a atuar normalmente. Inquietação, aliás, também global. O que não deve haver é algum tipo de pressão, muitas vezes por meio de uma interpretação simplista da realidade, para afrouxar o círculo de proteção. Produzir, vender e investir são desejos tão ou mais legítimos e urgentes quanto os de abraçar, se aproximar, voltar às ruas e retomar a rotina. Ações que, a contragosto, deixam de ter lugar neste momento por um temor maior, justificado e embasado cientificamente.
Os exemplos mais preocupantes, que devem servir de referência, ensinam uma triste realidade de dezenas de milhares de mortes; UTIs lotadas e estrutura insuficiente. Ignorar a realidade de países que convivem com a pandemia há mais tempo é brincar de uma perigosa roleta-russa, que deve ser evitada a todo custo.