A rotina de tragédias no Anel Rodoviário de Belo Horizonte levou um comerciante da região Noroeste da capital a criar um memorial em homenagem às incontáveis vítimas da via.
Há muito tempo, o Anel é um enorme e inesgotável manancial de problemas, que tem sofrido duramente o jogo de empurra entre poderes municipal, estadual e federal quanto à responsabilidade por sua gestão. Wagner Alves, que chegou a conhecer algumas pessoas que perderam a vida no local, decorou o memorial às margens da rodovia, no bairro São José, com flores e uma réplica do Cristo Redentor.
O tom da obra, com toda a ornamentação e a presença do símbolo religioso, tem por objetivo, segundo ele, servir como lembrança constante das mazelas do Anel. Também trata-se de um monumento para ampliar a conscientização de motoristas e pedestres sobre os riscos existentes naquelas pistas.
E, mais que isso, para fazer com que as autoridades, não importa de que esfera, assumam e executem, definitivamente, a tarefa de melhorar a estrutura e as condições de trânsito no complexo.
Só este ano, segundo dados da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), 15 pessoas morreram e outras 508 ficaram feridas na via, em ocorrências como engavetamentos, colisões e atropelamentos.
Diante desses números, por mais singela, relevante e necessária que seja a homenagem prestada pelo comerciante, o que se espera mesmo é que seja efetivada, o mais rápido possível, uma série de medidas que possam reduzir, e muito, o número de sinistros no Anel.
Nesse conjunto de ações, pode-se incluir o controle mais eficiente da velocidade em determinados trechos, assim como a restrição ao tráfego de veículos pesados em certos horários.
São decisões que só ganham efeito, claro, se houver fiscalização rigorosa para impedir que regras de tráfego misto sejam desrespeitadas – como a que determina que caminhões rodem apenas na faixa da direita.
O aumento, a melhoria e a manutenção adequada da sinalização igualmente seriam determinantes para que houvesse queda no número de acidentes.
Por fim, já passa da hora de haver no Anel um esforço conjunto de poderes para a realização de obras em locais em que isso seja necessário. A meta deveria ser transformar o memorial de Wagner em uma curiosidade do passado.