Editorial.

Péssimos exemplos para os universitários

Publicado em 06/06/2017 às 20:33.Atualizado em 15/11/2021 às 08:57.

O desrespeito com o dinheiro público está espalhado por todos os lados. Nos últimos meses, nos surpreendemos com o montante movimentado por políticos e empresas em forma de propina. Mas esses desvios também ocorrem em instâncias inferiores e em volumes menores e dentro do serviço público, o que não minimiza a gravidade da falha. 

Revelamos na edição de hoje que cerca de 150 servidores de universidades mineiras recebem vencimentos acima do teto constitucional, que é de cerca de R$ 33 mil. As irregularidades somam quase R$ 3 milhões pagos a mais em 18 meses a quem não tem direito a isso. 

Surpreende o fato de a irregularidade ser cometida dentro de instituições educacionais de renome, responsáveis pela formação de milhares de jovens todos os anos. São locais de onde deve vir o exemplo de respeito aos valores democráticos e ao interesse público, ou pelo menos um esforço maior neste sentido. 

O salário da maioria dos servidores públicos federais efetivos não é ruim. Pode não ser em relação à economia, mas em comparação aos servidores municipais e estaduais é um bom salário. Se você é servidor e não concorda, é um direito, pesquise e veja quanto que uma pessoa que realiza a mesma função recebe na iniciativa privada. 

Por isso, é ainda mais estranho o fato de pessoas que já recebem tão bem, acumularem vencimentos fora da lei. Muitos desses casos, também, não ocorreriam se não houvesse participação de pessoas que têm a função de fiscalizar as despesas. Sabemos que as várias categorias do funcionalismo tendem a ser tomadas por um forte espírito de proteção aos colegas quando o assunto é desvio de conduta. 

O que nos resta é que, avisadas pelo Tribunal de Contas da União, as direções das universidades tomem providências (e em alguns casos elas alegam que já tomaram) para acabar com esses desvios e punir exemplarmente quem cometeu e quem permitiu que tudo isso ocorresse. Claro que a devolução dos recursos também terá que ocorrer. 

Não dá para orientar jovens ainda em formação sobre o que deve ser feito na vida pessoal e profissional se dentro do muros fecham os olhos para atos que ferem o patrimônio público, que é de todos. 

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