Praticamente todas as grandes metrópoles do mundo têm moradores de rua. Seja resultado de uma sociedade altamente excludente, como ocorre no Brasil e nos Estados Unidos, ou pela própria opção do indivíduo, o que é a minoria dos casos, é praticamente impossível evitar que pessoas fiquem desabrigadas. A diferença está na quantidade de moradores de rua, muito relacionada às oportunidades que aquela sociedade oferece aos seus cidadãos e também à política especializada para essa parte da população.
O número de moradores de rua em Belo Horizonte vem crescendo nos últimos anos. As estimativas é que existam 3 mil pessoas que não possuem teto para dormir e que fazem dos passeios e marquises o lar, mesmo que seja por uma noite. Mas quem circula constantemente pelas vias da cidade têm a impressão de que são muito mais.
É só chegar para conversar com alguns desses grupos para entender um pouco dos fatores que levam uma pessoa a deixar algum conforto em casas para ficar em lugares sem conforto nenhum. Sim, imensa maioria dos moradores de rua têm famílias abrigadas em moradias convencionais, em bairros da capital ou cidades próximas, e são vítimas de algum desarranjo familiar, pelos mais variados motivos, como vícios ou problemas mentais. As drogas muitas vezes são a fuga de quem não tem esperança de encontrar um caminho.
Por isso, a questão não é apenas dar um teto para essas pessoas dormirem. Não é apenas retirá-los junto com pertences e instalá-los nos abrigos ou obrigá-los a ficar longe de lojas e prédios de alta classe. Eles não têm apego com locais. Aliás, todas as ruas são casa, portanto, em breve estarão em outro ponto.
Ações esporádicas ou violentas não costumam surtir efeito nenhum em médio ou longo prazo com esse público.
Essa questão só será resolvida com um planejamento especial e uma política pública robusta e contínua, envolvendo não só técnicos da prefeitura como pessoas de outros grupos que se relacionam com a questão, como a Pastoral de Rua e universidades. É preciso respeitar o morador de rua como cidadão para que depois buscar convencê-lo a respeitar regras da cidade, trazendo ele novamente para o convívio social.