Editorial.

Praia, Futebol e juro alto

16/07/2016 às 21:06.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:20

Passam-se os anos, aparecem as crises, há a recuperação, o país volta a crescer e cai novamente... Nas últimas décadas, o brasileiro se acostumou a uma verdadeira montanha russa econômica no país. Não houve governo pós processo de redemocratização que não tenha tido os seus obstáculos que influenciaram no crescimento do país. Somente uma característica é comum às gestões mais recentes: os juros altos. E nesse aspecto, ninguém no mundo consegue tirar a liderança brasileira.

Segundo a Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), as taxas de juros sobem há 21 meses consecutivos para o chamado tomador final, que são as empresas menores e pessoas físicas. No mês passado, o empréstimo rotativo do cartão de crédito bateu em 447%, segundo a entidade.
As justificativas são variadas e até um pouco contraditórias. Primeiro, a taxa alta frearia o consumo e deixaria a inflação em níveis aceitáveis. Era o que se ouvia no governo Lula, quando o país passou por um momento de crescimento e ganho de renda do trabalhador.

“Com crescimento ou sem crescimento econômico, as taxas de juros no Brasil sempre se mantiveram lá em cima, como uma das maiores do mundo, quando não a maior”

  

Ora, nos primeiros anos de Plano Real a renda da população era menor, e inflação esteve sob relativo controle, mas os juros se mantiveram como os maiores do mundo.

Além disso, nos tempos atuais, praticamente todos os setores amargam retração nas vendas, mas os juros estão lá nas alturas. Mesmo com a queda na procura, os preços também aceleraram nos últimos meses, pressionando os índices inflacionários. Ou seja, com crescimento ou sem crescimento, as taxas sempre se mantiveram lá em cima no Brasil, como uma das maiores do mundo, quando não a maior.

A justificativa de que o Brasil possui sistemas econômicos e políticos frágeis, não parece adequado, já que Argentina e Venezuela têm situações bem mais instáveis, mas o custo do dinheiro é, mesmo assim, menor.

Nesses últimos anos, a única tentativa de redução significativa foi realizada por Dilma Rousseff, no início do primeiro mandato, quando a taxa Selic chegou a quase 7%, mas a presidente, hoje afastada, não teve capacidade de “segurar” o índice nesses níveis.

Resta à população evitar ao máximo adquirir empréstimos ou fazer dívidas que são corrigidas e esperar que surja alguém com uma ideia para resolver esse mistério, que vai virando tradição brasileira, como as belas praias, o futebol e o Carnaval.


 

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