Editorial.

Prazer em prejudicar os outros

Publicado em 27/10/2016 às 20:23.Atualizado em 15/11/2021 às 21:25.

Todos os dias vemos e lemos notícias sobre a falta de compromisso dos políticos com o povo brasileiro. Corrupção, fraudes, desvios e roubos prejudicam a vida de milhões de pessoas. Mas isso não nos dá o direito de agir contra administração e bens públicos, tornando a vida ainda mais difícil da população. 

Apresentamos hoje reportagem sobre as depredações nas estações do sistema Move, uma estrutura relativamente recente, pouco mais de dois anos de funcionamento, mas que sofre com a ação de vândalos em praticamente todas as suas dependências. 

Mas as estações são apenas alguns dos vários exemplos de depredação que uma cidade como Belo Horizonte sofre todos os dias. Não há um jogo sequer em que ônibus são depredados ou que assentos nos estádios de futebol são arrancados ou danificados; poucos monumentos da cidade estão livres de pichações e as ruas ficam constantemente cheias de lixo, apesar do trabalho de limpeza diário. 

Muitos consideram que a falta de educação e senso de cidadania dessas pessoas. Que elas não se identificam como participantes de uma sociedade com regras altamente excludentes. Mas como explicar a atuação de jovens de classe média em grupos de pichadores recentemente detidos pela polícia? 

O que há é uma imensa sensação de impunidade quando o crime ou agressão praticada não é contra uma pessoa específica, empresa ou organização específica. Temos uma cultura de que o que é público, não é de ninguém. Parece que há um imenso prazer em, como diz a gíria das ruas, “detonar” o patrimônio da população. Isso vale desde do político que desvia verbas da saúde para o passageiro que arranca uma torneira em uma estação de transporte. O certo seria justamente o contrário. 

Crime contra o patrimônio público deveria ser agravante e ter penas aumentadas, além de fazer o sujeito recuperar aquilo que foi depredado. Enquanto quem quebra uma grade em um estádio ou o vidro de um ônibus for pego, ouvido e sair pela porta da frente de uma delegacia ou juizado especial sem uma punição exemplar, o desrespeito vai continuar e as depredações não vão parar. 

Sem maior rigor, vamos continuar secando gelo e desperdiçando o escasso dinheiro da população. 
 

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