Editorial.

Preço do gasolina dependerá dos xeiques

Publicado em 14/10/2016 às 20:51.Atualizado em 15/11/2021 às 21:14.


A atitude da Petrobras de reduzir o preço da gasolina e do diesel deve ser apreciada com cuidado. Afinal, a decisão faz parte de uma nova política da empresa de adequar o preço dos derivados à variação do petróleo no mercado internacional. 

Muita gente não sabe, mas hoje o preço da gasolina está mais alto do que a referência do resto do mundo, cerca de 28%. Em janeiro, estava acima dos 60%, de acordo com institutos especializados. Há ainda margem para quedas consideráveis. 

Por que os preços foram mantidos então? O governo Dilma acreditava que mantendo o preço elevado seguraria a inflação e ainda evitaria perdas para a empresa. Além disso, nada é mais neoliberal que mercado autorregulador, ainda mais com preços internacionais, e certamente houve uma certa resistência ideológica.

Pois é, não adiantou muita coisa. A inflação disparou e a maior empresa brasileira vive uma fase terrível. Economia não era mesmo o forte da gestão passada. 
Agora a empresa promete mais liberdade na escolha dos seus preços, sem participação do Executivo, se protegendo de possíveis interesses políticos em sua gestão – não que esteja totalmente fora.

Mas essa liberdade tem seus problemas. Quando falamos em petróleo no mercado internacional tudo pode acontecer. Praticamente o mundo inteiro fica na mão de uma dúzia xeiques e russos que decidem como estarão os estoques e a produção do mineral. Dependendo de como estará o humor do pessoal da Opep, na reunião dos países produtores, o preço subirá ou cairá. A própria Petrobras avisou que a avaliação dos valores será mensal. 

Isso pode ter a ver com a resistência dos empresários mineiros em repassar para as bombas os reajustes para baixo da gasolina e do diesel. Já há analistas projetando uma alta global do produto em novembro. Ou seja, a empresa que abaixou os preços hoje pode ter que aumentar daqui a três ou quatro semanas. 

Assim, aquele sobe e desce escada pra mudar preço dos letreiros dos postos deverá estar mais frequente. E o motorista deverá ficar mais atento com o que ocorre no Oriente Médio, como ocorria na década de 1990 para saber quanto pagará no litro do combustível amanhã. 

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