Editorial.

Primeiros testes para quem não é político

Publicado em 04/01/2017 às 20:30.Atualizado em 15/11/2021 às 22:18.

Esses primeiros dias de governo são aqueles que o prefeito faz um papel mais de CEO que assume uma grande empresa. É o momento de entender como a estrutura trabalha, fazer cortes ou adaptações necessárias, empossar a sua equipe definir algumas metas. 

Mas os destinos de uma cidade não são definidos apenas por uma pessoa e haverá em breve o momento em que o prefeito terá que assumir o papel de líder político da gestão, e como tal, encabeçar as negociações com o Poder Legislativo para aprovação de projetos de interesse do Executivo ou do sanção de propostas aprovadas pelos vereadores. O jogo, basicamente, é esse. 

Apresentamos na edição de hoje os quatro projetos que devem ser os primeiros desafios para o prefeito do Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Um deles, o de dar desconto em parte dos ingressos de eventos esportivos, até tem relação com o passado de cartola do prefeito, e na atual situação financeira dos clubes da capital, deverá ser vetado. 

Já as outras propostas deverão exigir de Kalil algo que ele nunca precisou fazer, ou pelo menos diz que nunca fez, e que ele fez questão de destacar na campanha eleitoral: política. E as negociações envolvem setores importantes da nossa sociedade. 

Embora a proposta de tornar o ensino religioso obrigatório nas escolas seja de um ex-vereador, o texto que estará na mesa de Kalil para ser analisado tem apoio da bancada religiosa. O veto pode estremecer a relação com esse grupo. 

Ainda para ser votado, o novo Plano Diretor tem apoio de construtoras e movimentos sociais, em um raro momento de acordo entre essas partes, mas ainda não há consenso com os parlamentares para a votação. 

Já o plano de reforma da previdência dos servidores municipais, também na Câmara Municipal, interessa a todo o funcionalismo e promete ser um teste da relação entre o prefeito e os subordinados, com efeitos, após apreciação, que certamente serão sentidos durante toa a gestão. 

E agora? Alexandre Kalil deixará a postura de um gestor “apolítico”, prometida na campanha, ou vai se contradizer e liderar as conversas para a aprovação dos projetos. Em breve, muito em breve, nós veremos.
 

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