Editorial.

Protesto subestimado

Publicado em 01/11/2016 às 20:15.Atualizado em 15/11/2021 às 21:29.

A onda de ocupações a escolas por todo o país contra a Proposta de Emenda Constitucional que limita gastos públicos, a chamada PEC 241, atinge poucas instituições em relação ao total de unidades. Tirando o Estado do Paraná, as outras unidades da federação possuem um número mínimo de locais que foram atingidos pela mobilização. 

Mas nem sempre protestos que possuem pouca adesão devem ser ignorados, principalmente os que envolvem setores essenciais, como saúde e educação. Se você colocar o impacto em uma planilha, certamente, a proporção se mostra irrisória. Mas em um país de populoso como o Brasil mesmo essa pequena parte significa uma grande quantidade de pessoas, que não pode ser ignorada. 

A suspensão da aplicação das provas do Enem nas escolas ocupadas é um exemplo disso. Os protestos são realizados em apenas 1,9% dos locais de provas. Ou seja, 98% das salas estarão livres no fim de semana. 

O problema é que essa pequena parte representa 191 mil inscritos – 42 mil pessoas em solo mineiro. É muita gente que estava com toda a programação feita, na reta final de uma preparação que durou o ano inteiro, e que, de repente, é afetada por algo inesperado. E não são só os candidatos, a família também sofre alteração em sua rotina. 

Na data marcada para as novas provas, muitos estarão em exames finais nas escolas. Sem dúvidas, o adiamento poderá influenciar no resultado da nota no Enem. 

O governo parece ter sido pego de surpresa. Ou por incompetência ou por ter subestimado o movimento estudantil. Podem ser as duas coisas também. O certo é que em nenhum momento houve algum sinal do governo em tentar resolver a situação das ocupações. Por mais que seja considerado um movimento com interesse político (e qual não é hoje?), não vimos nenhuma tentativa de esclarecer os estudantes sobre o que é a PEC 241 e seus possíveis benefícios. O movimento cresceu e causou um prejuízo nacional. 

O governo precisa, primeiro, se aproximar dos jovens, dialogar e tentar esclarecer com seus argumentos. Propagandas de 30 segundos na TV não adiantam. Se continuar com soberba, o governo pode permitir que o movimento cresça ainda mais. Aí, como em 2013, é ruim de segurar a juventude. 
 

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