Editorial.

Quase não dá para respirar

01/06/2016 às 07:53.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:41

Não bastassem a inflação em alta e a corrosão da renda, mais duas notícias atingem em cheio o brasileiro, em especial o assalariado. A primeira é a do desemprego recorde, agora de 11,2% da População Economicamente Ativa, um drama para quem já perdeu a vaga e um fantasma a rondar quem (ainda) bate ponto todos os dias. A segunda é a de que o rombo na Previdência em vários estados pode significar mudanças na aposentadoria do servidor. Um golpe e tanto para quem viu no serviço público a certeza não só de carreira sem sobressaltos, mas também de uma velhice garantida pelo benefício social.

Feito a partir da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), o levantamento do IBGE mostra que o país já tem 11,4 milhões de pessoas em busca de ocupação formal. Em termos percentuais, o pior cenário desde 2012, quando o estudo passou a ser feito nos moldes atuais. Além disso, a renda média real do trabalhador encolheu 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 1.962. Sinal claro da deterioração do mercado de trabalho, com salários inferiores aos que vinham sendo pagos e muita gente aceitando desempenhar funções menos qualificadas em troca do dinheiro certo no fim do mês.

Num cenário em que empresas privadas chegam a propor redução da carga horária e dos vencimentos em troca da manutenção de vagas, o drama que se anuncia para os servidores mineiros pode até parecer menor. Mas não é. O risco é o de não haver recurso em caixa para, no futuro, honrar o contracheque dos aposentados, avisam especialistas. Quem está na ativa poderá ter que trabalhar mais tempo do que planejou. E, em qualquer caso, ficará no ar a certeza de que, se não foi determinante, pelo menos contribuiu muito para o colapso do Ipsemg a decisão tomada por gestores tucanos de transferir para o caixa único do Estado R$ 3,6 bilhões da Previdência, descapitalizando de forma drástica a reserva para as aposentadorias, como o Hoje em Dia já havia mostrado, em 20 de julho de 2015.

O futuro parece nefasto, mas o passado também não escapou ileso. Se olhar para trás, o leitor verá que toda a labuta desde 1º de janeiro deste ano serviu apenas para pagar impostos. São nada menos que 153 dias de suor destinados aos cofres públicos, seja você taxado ou não pelo Leão. Se servir de consolo, acorde um pouco mais cedo amanhã para comprar produtos livres de tributos, num protesto feito por empresas contra a alta carga tributária no país. Em BH, até carro entrará na roda.

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