Há mais coisas que ligam os maiores esquemas de corrupção já investigados na história do país, além de terem ocorrido em governos comandados pelo mesmo partido e possuírem alguns coordenadores em comum. Tanto o mensalão quanto o chamado “petrolão” tiveram o objetivo de obter recursos para pagamento de dívidas de campanhas, milionárias à época, dos partidos e de candidatos.
Os esquemas acabaram sendo utilizados também para propinas, compra de votos e outras fraudes, mas os gastos eleitorais acabaram responsáveis pelos maiores montantes desviados, segundo as investigações e depoimentos de vários dos acusados.
As novas regras para a disputa eleitoral reduziram significativamente os gastos de campanha, mas não evitaram que os candidatos, pelo menos das 26 capitais do país, gastassem, como de costume, mais do que arrecadam. A responsabilidade pela gestão é do candidato, mas ele não é obrigado a pagar.
Caso o caixa continue no vermelho, a conta passa para a responsabilidade dos partidos, que precisam equilibrar os gastos para não sofrerem sanções da Justiça Eleitoral. O restante da história, a Polícia Federal e o Ministério Público contam em operações.
Campanhas no vermelho é um péssimo exemplo de como os futuros gestores das mais importantes cidades do país pensam nas seus próprios gastos, o que acaba sendo levado para as suas gestões. Gastar o que não se tem é, infelizmente, rotina, vide o rombo em que estamos metidos.
Assim como os partidos são obrigados a se virar para acertar os gastos das campanhas, cai sobre nós, os contribuintes, o pagamento dos déficits com aumento de impostos e até perda de emprego. Fica fácil ser gestor desse modo.
A questão que fica é como esses partidos vão fazer para saldar essas dívidas. Afinal, não há nenhuma empresa financiando candidaturas, e o cerco aos esquemas de corrupção estão cada vez maiores pelos órgãos competentes. Restará o fundo partidário repassado às executivas nacionais, mas que certamente não tem volume suficiente para todas as campanhas.
Assim, eventos para arrecadação e até vaquinhas virtuais deverão ser feitas após o pleito, pelo menos por aqueles partidos que não querem ser alvo futuro de operação da PF.