O brasileiro é um sujeito que gosta de reclamar. Queixa-se da vida, do ônibus, do celular, do supermercado, da loja, da operadora de celular... Agora, com as redes sociais, é um festival de indignação sobre os mais variados acontecimentos e assuntos. No entanto, não somos acostumados a registrar o nosso problema para quem realmente pode fazer alguma coisa. Geralmente, ficamos apenas no desabafo, a raiva passa e, muitas vezes, por preguiça, desconhecimento ou descrença na possibilidade de algum resultado, deixamos o caso pra lá, até que um novo aborrecimento aconteça.
Graças a muito esforço de especialistas e movimentos sociais há algumas décadas, temos um Código de Defesa do Consumidor que regulamenta as relações de consumo e algumas instituições que estão aí para fiscalizar e garantir o cumprimento das normais. Mesmo assim, o número de reclamações em órgãos como o Procon é muito baixo em relação à quantidade de clientes de alguns setores.
A lista das empresas que mais receberam reclamações, apresentada nesta edição, mostra cinco operadoras de telefone celular como as líderes de reclamações. Em defesa, a maior parte delas alega que a quantidade de registros no Procon equivale a uma porcentagem muito baixa em relação à carteira de clientes.
Se cada vez que o consumidor tivesse um problema com um celular ou operadora de TV fôssemos ao Procon, muita gente passaria dias nesses locais.
Mas a atitude das empresas é explicável. Se apenas uma pequena parte dos consumidores que se sentem prejudicados vai ao Procon, para quê melhorar o serviço?
Por isso, é muito importante que o consumidor exija seus direitos e registre os abusos, se eles ocorrerem. Não só quando o prejuízo financeiro é grande – aliás, outro grande defeito do brasileiro é só ‘correr atrás’ após ser lesado em grande quantia ou quando poderá ganhar um valor significativo.
O brasileiro precisa aprender a lutar pelos seus direitos simplesmente porque é um direito dele e do restante da população e para evitar que a mesma coisa seja feita com outras pessoas, não pelo dinheiro perdido ou que poderia ganhar.
Garantir o direito individual de muitas pessoas é contribuir para que toda a sociedade seja justa.
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