O respeito ao pedestre já foi tema de amplas campanhas apoiadas pelo Hoje em Dia. Fazendo coro a ações de conscientização do motorista, promovidas pelo poder público, o jornal vem, ao longo dos anos, relatando a dificuldade de se fazer valer o direito do transeunte. O desrespeito às faixas de pedestre, no entanto, continua um desafio.

Quando alterou o trânsito da Praça 7, modificando as conversões nas avenidas Afonso Pena e Amazonas, a intenção da BHTrans era justamente dar mais tempo e segurança aos pedestres durante a travessia. Ainda que tenha causado estranhamento para os motoristas acostumados a trafegar pelo centro de Belo Horizonte, todos compreenderam a medida quando anunciada.

Na prática, porém, a dificuldade de adaptação é grande. O número de multas por conversão irregular é bastante alto. Reportagem nesta edição mostra um salto nas infrações de trânsito na capital no astronômico índice de 1.685%, comparando-se o primeiro bimestre de 2016 com o mesmo período do ano passado. O flagrante dos motoristas que insistem em virar nas avenidas da Praça 7 foi o que mais cresceu, apesar de o campeão de multas na cidade ser captado pelos radares: o desrespeito ao limite de velocidade.

Foram 119 infrações em 2015, contra 2.125 em janeiro e fevereiro deste ano. Evidentemente, não se trata somente da questão dos pedestres, mas o cenário é de crescente desrespeito ao direito do outro, estando ou não na direção de um veículo. O número seria maior, dizem especialistas em trânsito, se os agentes e os instrumentos de registro de infrações fossem mais eficazes. Há, certamente, mais conversões nas avenidas Amazonas e Afonso Pena do que aparecem no balanço da BHTrans.

O argumento dos motoristas é o desconhecimento das alterações, e há quem argumente que as manobras no trânsito são “automáticas”. A BHTrans realizou campanhas educativas, mas os transeuntes, muitas vezes desatentos, não têm 100% de segurança ao atravessar ruas e avenidas.

Sendo dinâmica a administração da cidade, que se rende às inovações tecnológicas, ao aumento do fluxo de pessoas e das demandas, cabe ao cidadão ficar atento. O respeito às normas é exercício da cidadania. Não se sustentam as constantes (muitas vezes acertadas) reclamações da ação do poder público se cada um não cuidar da sua parte para o funcionamento do todo.

Hoje em Dia segue na defesa dos direitos dos pedestres acima de tudo, na organização do trânsito e do transporte em Belo Horizonte, assim como em todo e qualquer município.

Compartilhar