Desemprego em alta, juros estratosféricos, indústria em queda livre, crise política inédita e completamente imprevisível... O Brasil já tem problemas internos suficientes para que nós, cidadãos, não sejamos muito otimistas em relação a um futuro próximo. Eis que agora a simples entrada em vigor de uma norma que considera a China como economia de mercado promete golpear ainda mais a nossa já debilitada economia.
Simplificando, com o reconhecimento do mercado chinês os produtos deles terão maior facilidade para entrar no país e “competir” com os empresários brasileiros. Não precisa ser um economista para saber que, com preços bem menores, as importações poderão simplesmente reduzir drasticamente setores inteiros. De calçados e roupas, passando pelo minério de ferro, muitas áreas poderão ser afetadas.
O Brasil teve, sim, tempo para se precaver. O problema é que passamos por momentos de grande crescimento e, sinceramente, estávamos pouco preocupados com isso. A China virou até o maior comprador de produtos de Minas Gerais, superando os Estados Unidos. Enquanto estávamos recebendo deles, tudo bem.
Agora, com a economia em frangalhos e com milhões de desempregados, viramos presa fácil para os asiáticos. Trouxemos o inimigo para bem perto de nós e hoje podemos ser sufocados por ele. E sabemos o quanto os chineses são agressivos em relação ao comércio.
Em termos de medidas legais e, digamos, costumeiras, há pouco o que fazer. Muitas barreiras impostas pelo Brasil aos produtos chineses já estão no limite da legalidade e deverão cair com a mudança de status dos orientais.
Ao que parece, somente uma atitude extremamente protecionista poderá manter barreiras consideráveis que, pelo menos, dificultarão a entrada das mercadorias. O que vai de encontro a toda um modelo colocado em prática recentemente de um livre comércio internacional, com regras gerais e estáveis. Contra tudo o que o Brasil defendeu nos últimos anos.
O alento é que não só nós estamos preocupados. Muitas outras nações temem a devastação causada pelo dragão chinês. A principal delas, os Estados Unidos, deverão liderar as medidas. Talvez em breve teremos que optar entre honrar acordos e princípios e salvar a própria pele.