Todos os anos a Confederação Nacional do Transporte (CNT) verifica o estado de conservação das principais estradas do país. E não houve um só ano que a maioria das estradas brasileiras e mineiras fossem consideradas em condições ótimas ou boas. A precariedade registrada em praticamente seis de dez rodovias do Estado não surpreende quem costumeiramente precisa passar por algumas dessas vias, seja em viagens a trabalho ou a lazer.
É claro que as estradas deveriam ser tratadas de maneira melhor no país. Sobre essas pistas são transportados grande maioria do que se produz no Brasil. Por elas passam milhões de pessoas todos os dias. Nelas, milhares morrem todos os anos em acidentes provocados, em sua maioria, pela imprudência.
É natural também que não haja dinheiro para a recuperação de todas. Segundo a CNT, seriam necessários mais de R$ 250 bilhões para os serviços. Se não fizemos nada nos tempos das vacas gordas, agora é que não vamos ter condições de fazer.
Mais uma vez, o errado é o sistema. Já que fizemos a opção pelo transporte rodoviário, precisamos que ele seja viável e com condições adequadas de segurança. Mas estamos longe dessa realidade. Nossos impostos para a conservação da malha viária acabam caindo no chamado caixa único dos governos e utilizados para outros fins. Não há garantia que o dinheiro do IPVA ou da Cide se transforme em asfalto e sinalização novos.
Precisamos adotar os modelos que já funcionam, dentro do nosso país. A concessão da Fernão Dias, entre Belo Horizonte e São Paulo, foi muito criticada na época em que foi realizada, mas hoje possui o menor custo de pedágio do país, algo perto de R$ 0,02 por km para um carro de passeio. Será que ninguém se perguntou por que o modelo não é repetido?
Claro que nem todas as rodovias são viáveis como a Fernão Dias, mas há muitas outras no Estado que já podiam estar nas mãos da iniciativa privada há anos, poupando dor de cabeça para a União e muitas vidas que são perdidas em acidentes estúpidos.
As falhas nos modelos de administração das rodovias pelo poder público são muito claras, mas, curiosamente, não há mobilização para mudança. Se alguns estão satisfeitos, com certeza não são motoristas ou passageiros.