Editorial.

Tirando de onde ainda tem

06/04/2016 às 21:44.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:50

Depois de um 2015 péssimo para a Poupança, quando as retiradas superaram os depósitos em R$ 53,56 bilhões, começamos o ano nada bem. No primeiro trimestre de 2016, o tipo de investimento mais comum no Brasil perdeu R$ 24 bilhões, de acordo com o Banco Central. O péssimo resultado de janeiro, fevereiro e março só não foi pior, no último mês, por conta da entrada de R$ 4,229 bilhões no dia 31. O assustador resultado é o pior desde 1995 - período de 21 anos.

Ok, aqueles brasileiros que já têm o costume de economizar e fazer aplicações conservadoras como a Poupança tiraram mais dinheiro do que depositaram na caderneta. Mas, qual ou quais os motivos?

Podemos dizer que a crise é o primeiro deles. Com o aumento absurdo dos produtos e serviços básicos, como gêneros alimentícios, transporte e mensalidades escolares, o brasileiro precisa recorrer ao rico dinheirinho poupado com muito suor para complementar aquilo que fica faltando no início ou no fim de cada mês, isso porque a nossa renda real está reduzida em função de uma inflação que só aumenta e salta aos olhos.

Outro fator é o desemprego, consequência da crise, cujo índice último chegou aos 9,5% e, para os especialistas, estará em breve em dois dígitos. Sem trabalho, aqueles que têm economias abrem mão dos “sonhos” guardados no banco para sobreviver.

Ainda pode-se dizer sobre o rendimento da Poupança que, apesar de certo, é muito baixo. Os brasileiros que têm seus empregos ainda garantidos continuam poupando, e são mais jovens ou maduros, mas um pouco mais ousados, buscam maior rentabilidade para os investimentos e acabam retirando os valores da caderneta e aplicando em fundos de renda fixa ou em títulos do Tesouro Direto, que há pelo menos seis anos é uma das melhores opções para garantir uma remuneração mais decente em longo prazo.

A deterioração da Poupança é o retrato de um Brasil que precisa urgentemente de rumos na política e na economia, que algo se resolva para que possamos seguir em frente e tentar superar os problemas. Se dizem os especialistas que podemos esperar um agravamento da crise neste ano e no próximo, e que só em 2018 teremos um respiro, façamos como todo brasileiro sempre faz, damos um jeito.

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