Ao conceder entrevista ao Hoje em Dia nesta quinta-feira (9), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), falou sobre o enfrentamento à pandemia na capital e antecipou algumas das medidas em estudos para novo esforço de contenção dos casos e posterior flexibilização. Um planejamento obrigado a lidar, ainda que escorado no embasamento científico, com as várias incertezas que envolvem a Covid-19, sua disseminação e as novas descobertas envolvendo o vírus. O que faz com que nem sempre uma solução de sucesso em outros países ou cidades seja sinônimo de eficácia, considerando as especificidades locais.
Se o lockdown está descartado em sua versão literal – com restrições ainda maiores à circulação e bloqueios intensificados – é fundamental que a decisão de limitar o funcionamento do comércio às atividades essenciais seja respeitada pela população. E não só ela: como se tem mostrado nos últimos dias, os exemplos de descumprimento das recomendações e de adoção de comportamentos favoráveis à disseminação da doença em toda a capital. Há aglomerações, o uso da máscara acaba ignorado e a impressão que decorre é a de que, para muita gente, as mais de 68 mil mortes em todo o país e os números crescentes de infectados não geram a preocupação e a cautela necessários.
Na teoria, reabrir a cidade, ainda que de forma progressiva, e com cuidados redobrados para garantir o sucesso das ações, significa correr o risco de um novo pico. A maior circulação de pessoas, especialmente no transporte público (que alega a questão econômica para limitar sua operação) traz, sim, o perigo da intensificação dos casos, com todas as consequências decorrentes - risco de colapso na rede de saúde e necessidade de medidas mais extremas, ou de novos recuos.
Fica claro que o sucesso de uma estratégia para permitir uma retomada em Belo Horizonte depende dos dois lados. Do poder público espera-se que tenha plena convicção de suas ações e efeitos; que eles levem em conta todos os cenários possíveis e, especialmente, tudo o que se verificou ao tentar relaxar as regras de isolamento social. Da população, que entenda de uma vez por todas que está nas mãos de cada um colaborar para que qualquer nova tentativa seja bem-sucedida.