A vida cada vez mais difícil e corrida nos faz, às vezes, não perceber como as coisas chegaram aos níveis de hoje. A cidade cresceu, várias coisas evoluíram e se modernizaram, mas outras permaneceram paradas no tempo ou até pioraram, muitas vezes sem a gente perceber. Achamos que aquele serviço é ruim mesmo, e aceitamos de forma passiva essa realidade.
É o caso do transporte público de Belo Horizonte. Nas décadas de 80 e 90, por exemplo, quem vivia na capital mineira não passava por tantas dificuldades em relação ao transporte coletivo como passa hoje. Os ônibus eram velhos e sem controle de emissão de poluentes, mas havia muito mais veículos à disposição. Nos dias de semana, as pessoas não ficavam tanto tempo nos pontos e os coletivos andavam bem mais vazios – ou menos cheios.
A cidade cresceu e o sistema de transporte parece que encolheu. Tudo bem, as vias são quase as mesmas há décadas, ficamos sem grandes obras viárias por 20 anos, mas o sistema de transporte público brasileiro é praticamente o mesmo de uma cidade que tinha menos gente e mais ônibus.
Apenas com o recente Move é que a situação melhorou um pouco, mas é um sistema localizado, que foi implantado em apenas um vetor da cidade. Os outros corredores continuam lotados de carros e com o serviço de ônibus ruim.
Claro, quem pode foge desse martírio diário comprando um carro ou uma moto. O resultado é que temos hoje, proporcionalmente, menos pessoas usando o transporte público, movimento justamente inverso do que ocorre em todas as cidades que se modernizam no mundo inteiro.
O que Belo Horizonte precisa é de uma mudança em todo o transporte público. Já que não teremos a ampliação do metrô tão cedo, é preciso um sistema mais inteligente para poder transportar com rapidez e conforto a população, principalmente em horários de pico.
E essa mudança tornaria, também, inevitável a realização de nova licitação para o transporte coletivo. Mas não seria uma mudança traumática. Afinal, a população reclama da qualidade e as empresas vivem se queixando, principalmente na época de reajuste de tarifas, do baixo retorno financeiro sistema.
Está claro que o modelo está errado, justificando a reformulação completa.