Desde 2012, quando as penas para quem dirige depois de ingerir bebidas alcoólicas se tornaram mais rígidas, foi possível perceber uma mudança no comportamento dos motoristas, porém, tênue se comparada àquela que realmente deve acontecer para que acidentes e mortes sejam evitados. Ainda não é a mudança que gostaríamos.
A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que ajudou na elaboração da Lei Seca, estima que 54% dos motoristas brasileiros fazem uso de álcool antes de pegar o volante.
Já um estudo feito pelo Ministério da Saúde mostra que, apesar de se dizerem mais conscientes, a quantidade de processos instaurados por embriaguez ao volante, em Belo Horizonte e RMBH, subiu bastante do ano passado para este. Só em 2016, foram quase 4 mil ante essa mesma quantidade em todo ano passado.
Mesmo que a Lei Seca tenha se tornado mais rígida em 2008, somente em 2012 foi iniciada a chamada “Tolerância Zero”. Atualmente, o motorista que for submetido ao teste do bafômetro e apresentar qualquer quantidade de álcool no organismo pode ser multado em R$ 1.915,40 e ter a carteira suspensa por um ano.
Além de alterar os reflexos do condutor, o consumo de álcool afeta a sobrevivência dos envolvidos em um acidente de trânsito; o álcool reduz a capacidade de percepção da velocidade e dos obstáculos, diminui a habilidade de controlar o veículo, manter a trajetória e realizar curvas
Mas parece que o aumento da multa e a perda da carteira por 12 meses são foram medidas suficientes para amedrontar uma quantidade significativa de condutores que insistem na prática de álcool e direção combinados, a ponto de haver uma alteração nas péssimas estatísticas.
Não só a mudança no comportamento será suficiente para reverter positivamente este quadro. É preciso mais fiscalização, como na época em que a legislação se tornou mais rígida.
Pelo menos em Belo Horizonte, desde 2013, na Copa das Confederações, quase não se veem blitze nas ruas nas madrugadas do fim de semana e de quintas-feiras, quando bares e restaurantes estão tradicionalmente cheios...
Talvez assim, por medo de perder a carteira e dinheiro, o motorista seja forçado a alterar a conduta errônea e perigosa.