Pouquíssimos setores não sentiram a crise econômica de forma significativa no país. A retração foi generalizada, conforme mostramos. Mas o Hoje em Dia mostra na edição de hoje o impacto de uma parte importante da população que não aparece nas estatísticas oficiais: os trabalhadores informais, geralmente que trabalham nas ruas de Belo Horizonte.
A situação dessas pessoas tende a ser pior em momentos como esses. Enquanto o trabalhador formal possui uma legislação que garante alguma renda, mínima que seja, após uma demissão, o trabalhador informal não possui nenhum direito e tem mesmo é que se virar para tentar minimizar os impactos.
O problema é que muitos trabalhadores possuem pouca qualificação profissional e também quase nenhuma informação que possa o recolocar em outra função ou área que ainda esteja contratando.
A maioria não está na rua porque quer. Tirando um ou outro caso, geralmente, são pessoas que já não conseguiram inclusão no mercado formal, mesmo em épocas de ‘vacas gordas’, e agora, com mais desempregados, têm suas chances de recolocação ainda mais minimizadas.
Além do aspecto profissional, a queda na receita dos trabalhadores informais também tem um importante impacto social. Grande parte é formada por gente aposentada ou que tem outro trabalho – em ambas situações ganhando um salário mínimo, ou próximo disso – e acaba tirando da rua um reforço essencial para o sustento da família. Crianças e idosos que dependem da renda que esse trabalhador consegue nas ruas podem ficar, portanto, em situação de extremo risco social.
Se não bastasse a queda na renda obtida nas ruas, essas famílias também foram diretamente atingidas pela inflação dos alimentos. E a alta de preços no s mercados neste ano atingiu justamente produtos que fazem parte do cardápio básico do brasileiro, como feijão, arroz e carnes.
Não há solução fácil. Somente uma retomada geral da economia poderia resolver o problema da renda dessas pessoas. E isso ainda está distante e não acontecerá de uma hora para outra.
Talvez seja a dificuldade possa ser a oportunidade para que essas pessoas sejam abordadas por serviços sociais e convencidas da necessidade de busca de qualificação, para que consigam ter o mínimo de direitos garantidos.
Quem sabe assim, quando essa turbulência econômica passar – esperamos que seja o mais rápido possível – esse tipo de trabalhador já tenha condições de sair da rua, deixar a informalidade e conseguir o sustento da família de uma forma mais segura e duradoura.