Quando a torcida do Atlético gritou “Time sem vergonha” em coro uníssono no Horto, ela não exagerou. Estava apenas representando o que milhares de torcedores no país inteiro estavam achando daquele momento do time atleticano. Aliás, que time?
Vimos na partida contra o Vasco um amontoado de jogadores sem direção e sem condições de jogo, mal treinados e um time completamente alheio as suas necessidades de vencer partidas e caminhar no Campeonato Brasileiro.
Para piorar, o Atlético, com um time mesclado, perdeu Fred com menos de dez minutos, com uma lesão na panturrilha direita. Mesmo assim, o time mineiro foi mais efetivo na partida. Foram 13 chutes do alvinegro mineiro contra 11 do Cruz Maltino.
Enquanto o Vasco arriscou 10 chutes fora da área, o Atlético tentou 5 vezes. Enquanto o Cruz Maltino teve 50 por cento de precisão em seus chutes, o Galo acertou somente 27.3 por cento do que arriscou. Foram 80 por cento na precisão dos passes contra 72 do adversário. E o time irreconhecível do Atlético conseguiu a proeza de cometer 24 faltas contra 16 do Vasco. Foram 23 cruzamentos do time mineiro contra 14 da equipe carioca.
O atacante Paulinho, com 17 anos e 156 dias, entrou para a história do Vasco, neste domingo, ao marcar os dois gols da vitória do Vasco no Independência. Ele passou a ser o jogador mais jovem a fazer um gol pelo Vasco neste século – superando o meia Phillipe Coutinho, que conseguiu a façanha com 17 anos e 226 dias – e o segundo desde a fundação do clube, em 1898.
Uma coisa é certa, como bem disse o jornalista Cosme Rímoli, o novo treinador Rogério Micale chega tendo um desafio monstro. Ser campeão da Copa do Brasil ou do Brasileirão. Tem perdão até se fracassar na Libertadores. Mas o Atlético Mineiro precisa de um título de relevância até o final do ano.
Se Nepomuceno espera um treinador estudioso, que entende muito sobre estratégia, tática. Capaz de levar o quadro negro para o meio do gramado para ensinar aos atletas o que deseja, Micale é o homem. O grande problema crônico é a maneira pela qual ele se comunica com os atletas profissionais. Sua insegurança. A falta de convicção.
Ele tem 18 anos como treinador. Mais de 17 anos com garotos. Sua duas únicas passagens pelo profissional foram dois retumbantes fracassos. No Figueirense e no Grêmio Barueri. Clubes menores no contexto do futebol brasileiro.
Em um ano tão importante para o Atlético. Na fase decisiva de 2017, seu complicado time é entregue a Micale. Um inexperiente e inseguro treinador. O problema é todo seu, Daniel Nepomuceno. Quem sabe, Tite não está livre para ‘fazer umas visitas’...