A música "desconhecida" de Sergio Roberto de Oliveira

Raphael Vidigal - Do Hoje em Dia
25/12/2012 às 11:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:01
 (Divulgação)

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Sergio Roberto de Oliveira é nome comum, solto, desconhecido do grande público. E assim deve permanecer nos próximos anos. Isso se o compararmos com o alcance massivo de nomes como Xuxa e Roberto Carlos. É ele próprio quem cita, mas avisa: “Da mesma maneira, eles não alcançam a profundidade da música de concerto”.

Indicado ao Grammy Latino, nas edições 2011 e 2012, nas categorias Melhor Composição Clássica Contemporânea e Melhor Álbum de Música Clássica, o compositor, que comemora 15 anos de carreira, resolveu fazer um apanhado de toda sua obra.

Elementos

Ele reúne, em uma caixa com quatro CDs, “alusivos aos elementos fundamentais: água, ar, terra e fogo”, um pouco de tudo o que o compõe, como define o subtítulo do trabalho, “Quinze”.

Sobre o processo de criação, que passa por nomes como Fidel Castro e Heitor Villa-Lobos, com uma parada providencial para debruçar-se sobre poemas próprios e de Mario Quintana, Oliveira conta ser “uma pessoa absolutamente normal, que gosta de andar de chinelo, tomar cerveja, jogar bola no final de semana e torcer para o Flamengo”.

O que o instiga a compor uma canção é, quase sempre, a vontade de contar uma história, uma observação do mundo. “Quando vou colocar as notas na partitura, costumo dizer que a música já está pronta”, reflete animadamente.

CONVIDADOS

Acompanhado por amplo cartaz de convidados, como Quarteto Radamés Gnattali, Duo Santoro e Luis Carlos Barbieri, entre outros, a empreitada privilegia músicas autorias e em parceria com Paulo César Feital.

E o entrevistado faz um balanço a respeito do espaço concedido à música erudita na sociedade brasileira e diz que ele diminuiu. “Nesse sentido, andamos para trás nos últimos 20 a 30 anos”, avalia.

No entanto, as previsões soam mais otimistas. “A música de concerto é parte da soberania de um país. É ela quem pensa a estética e as inovações, inclusive no que é utilizado por músicos populares. Não podemos abrir mão disso. Público há, falta oportunidade”.

A prova dessas palavras, para Oliveira, está no aumento substantivo de sua plateia, desde que foi indicado ao Grammy e começou a ser requisitado pela imprensa. “Em tempos cada vez mais apressados, muita gente está em busca de reflexão e isso está na música erudita”, pontua o compositor.

FUTURO

A tendência atual da música brasileira aponta, segundo Oliveira, para a prevalência do entretenimento sobre a cultura, o pensamento e a reflexão. “Coisas rápidas e fáceis têm encontrado abrigo em maior quantidade”, reconhece ele. Mas nada que o faça desanimar de lançar-se em novos projetos.

Para o ano que vem, estão previstos um CD com o grupo de câmara do Rio de Janeiro, Gnu, para ele um dos “melhores do país”; outro com a atriz e cantora Gabriela Geluda, além da propagação do clipe “Ao Mar”, música presente em um dos álbuns que compõe “Quinze”, dirigido por Alex Araripe.

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