“Senhoras e senhores. A obra está aí. Muito obrigado”. Essas três frases resumem bem um estilo de fazer política em que importavam menos as palavras e os discursos, e mais os resultados práticos e os benefícios alcançados para a sociedade.
Foi esse o “grande discurso” proferido certa vez pelo governador de Minas Gerais Hélio Garcia durante a inauguração de uma das obras do Estado entregue em sua gestão. Apenas isso.
A canalização do Ribeirão Arrudas – cuja inundação antes da obra chegou a matar dezenas de pessoas –, o Complexo da Lagoinha e a Avenida Vilarinho são alguns dos legados físicos deixados por ele enquanto prefeito de BH.
No Governo de Minas, da mesma forma, nos legou grandes obras estruturais como a duplicação da Rodovia Fernão Dias, que liga Belo Horizonte à São Paulo. Também em seu Governo foi realizado um amplo programa de modernização da administração pública estadual à época.
Mas seu legado vai muito além. É muito triste perdermos Hélio Garcia em um momento como o que vivemos hoje no Brasil.
Hélio era pessoa de visão. Ao invés de buscar “heranças malditas” ou depreciar adversários, gastava seu tempo em apresentar resultados, conversar, fazer a boa política, da articulação e do diálogo. Enxergava para frente.
Foi durante seu segundo mandato, entre 1991 e 1994, que tive a oportunidade de conviver mais de perto com Hélio, período em que fui secretário-adjunto de Planejamento e Coordenação Geral no seu Governo, quando o titular da Pasta era o secretário Paulo Paiva. Na época, eu tinha apenas 29 anos.
Imaginem que experiência eu pude ter naquele período, de conviver com alguns dos mais preparados políticos e gestores da época, de aprender mais sobre a administração pública e sobre Minas Gerais, no dia a dia de trabalho.
Depois, ainda em seu Governo, em 1994, assumi a titularidade das Secretarias de Recursos Humanos e Administração e da Cultura.
O governador Hélio Garcia era homem de poucas palavras, com princípios muito bem definidos. Sóbrio nos gestos, mas firme nas convicções. Não era de pompas. Pelo contrário. Era pessoa simples. E, o mais importante – quem conviveu com ele, sabe bem – por trás daquela figura às vezes turrona havia um homem com um imenso coração, preocupado com as pessoas, afável, interessado em ouvir, em conhecer as diversas situações, em apresentar soluções que beneficiassem a sociedade. Uma pessoa boa.
Era, além disso, sincero, autêntico, leal. Tudo o que tem faltado na política nos dias de hoje. É por isso que eu senti muito a morte de Hélio Garcia. Porque o seu jeito único de fazer a boa política faz falta ao País.
Ninguém, afinal, quer saber de grandes discursos. Todos nós sabemos que os problemas estão aí. E, talvez, como ele pensava, a causa importe menos. Que solução daremos a isso? Hélio era construtor e articulador dessas soluções.