A Usiminas precisa tratar suas feridas

07/11/2016 às 18:01.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:33

No acompanhamento da briga entre Nippon Steel e Ternium/Techint pelo controle da Usiminas, já coloquei reiteradas vezes meu estranhamento com a duração da disputa e a falta de diálogo entre as partes. Entendo que a batalha tenha aberto um enorme fosso entre os contendedores e feridas difíceis de cicatrizar, mas não que os generais da guerra deixem de buscar uma solução negociada.

Como se sabe, a Usiminas atravessa atualmente a mais grave crise financeira de sua história. Já estaria quebrada se os sócios não tivessem colocado R$ 1 bilhão no caixa da empresa na operação de aumento de capital levada a cabo em maio. Acredito que nenhuma das partes que acompanharam a operação, controladores ou minoritários, tenham intenção de deixar o barco naufragar e o dinheiro investido, esvair. Por que, então, não levantam a bandeira branca nessa guerra fratricida?

No campo de batalha, os soldados só deixarão de lutar quando os generais anunciarem o armistício. E estes são os CEOs da Ternium, Daniel Novegil, e da Nippon Steel, Kosei Shindo. De vez em quando temos a oportunidade de vislumbrar o grau de entendimento entre esses dois senhores. E na semana passada, tivemos uma dessas raras oportunidades, durante a divulgação do resultado do terceiro trimestre do grupo Ternium por Novegil.

Sobre a Usiminas, resumidamente, Novegil disse que a Ternium, que há pouco mais de duas semanas viu Sérgio Leite, o presidente apoiado pelo grupo, ser destituído do cargo por uma decisão judicial, irá a “todas as instâncias para confirmar a legitimidade da decisão do Conselho de Administração, da grande maioria, que colocou Sérgio Leite no cargo três meses atrás”.

Quanto às conversas com a Nippon, Novegil disse que “faremos o melhor para encontrar uma solução adequada com a Nippon Steel, através do diálogo e da troca de opiniões sobre a questão da governança. Não pararemos os esforços para nos relacionarmos melhor com nosso parceiro e encontrar uma solução para o problema (...) Temos que seguir conversando com a Nippon Steel para encontrar uma solução adequada para o problema de governança”, disse ele.

São palavras que espelham as contradições inerentes da disputa entre os sócios. Ao mesmo tempo que Novegil diz que manterá a guerra jurídica, também nos dá alguma esperança de que uma solução negociada esteja sendo encaminhada. Mas, por que demoram tanto? Nos dois anos e pouco da briga, a empresa já trocou de presidente três vezes, sempre por golpes e contragolpes. Os resultados financeiros da empresa, se apresentaram alguma melhora recente, ainda estão longe do ideal e ameaçados por essa descontinuidade de gestão.</CW>

Nunca é demais lembrar que estamos tratando da maior indústria de aços planos do país e uma das maiores empregadoras e pagadoras de impostos de Minas Gerais.

É certo que a crise da empresa não foi causada unicamente pela briga entre os sócios, mas principalmente pela conjunção da depressão econômica brasileira com a gravíssima crise do mercado mundial de aço. Mas, é uma irresponsabilidade deixar que tais problemas sejam agravados pela falta de boa vontade entre os sócios para se chegar a um termo.
 

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