Abertura dos jogos olímpicos devolve o orgulho brasileiro nas redes sociais

06/08/2016 às 13:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:12
 (Flávio tavares/Hoje em Dia)

(Flávio tavares/Hoje em Dia)

O clima era de apreensão e ansiedade. A torcida contra era grande, diante de tantos problemas e da situação caótica que o país se encontra na política, na administração pública de estados em crise, e na economia. Quando a cerimônia se iniciou no Maracanã, um silêncio. A abertura parou até mesmo os brasileiros menos patriotas e revelou-se um motivo de orgulho que vai muito além do evento.

Através da simplicidade e da emoção, o Brasil foi o protagonista em suas diversas faces: a história dos portugueses invadindo a Pindorama dos índios, a colonização, uma das últimas nações a abolir a escravidão, mácula em nossa história que deixa rastros até hoje, as favelas, a alegria do povo, anossa música, o samba, o funk. Houve empoderamento feminino, discussão de classes, pluralidade cultural e musical. Nas redes sociais, o que se via era inúmeros elogios e muitos afirmando: "paguei língua". O sentimento era de orgulho resgatado. Mesmo com problemas, não devemos desfilar marchas fúnebres. Assim fazem todas as nações.

Cobertura da Globo foi cansativa

A melhor cobertura da noite de gala foi da FOX Sports. Os comentaristas deixaram a interpretação de grande parte do espetáculo ao telespectador, que não teve que dividir atenção entre o que via e ouvia e, muito menos, teve os sons da abertura atrapalhados.A Band fez uma boa cobertura também, mas um pouco desorganizada entre os apresentadores.

A dupla Glória Maria e Galvão Bueno disputaram as informações o tempo todo, e duelaram no ar, corrigindo as informações um do outro. A la Glória Pires, foi engraçado e divertido no início, mas ficou cansativo depois. Ainda bem que não precisava de tradução simultânea... Seria um show de horrores. No Sport TV a cobertura também foi bem direta ao ponto, mas ainda com certo exagero de comentários. Quando vão entender que queremos assistir sem muitas explicações? 

Participações e representatividade marcaram a noite

A grande surpresa, é claro, foi Vanderlei Cordeiro ter acendido a belíssima Pira Olímpica, um dos momentos mais emocionantes da noite. Foi emocionante também ver tanta representatividade na cerimônia, que contou, inclusive, com a modelo transexual Lea T conduzindo a delegação brasileira. Além disso tivemos o funk de Carol Conka, Ludimila e Anitta, o Hip Hop de Marcelo D2, o samba de Zeca Pagodinho, e a belíssima participação de Elza Soares. Meteórica e genial, Elza entoou o Canto de Ossanha, em uma completa homenagem a Vinicius de Morais.

Por falar em Vinicius, Tom Jobim também foi uma das estrelas da noite. Gisele Bundchen encarnou a Garota de Ipanema (nada mais justo), que foi cantada ao piano por Daniel Jobim, e desfilou magistralmente (com todo o Maracanã cantando), rumo à uma representação dsasfavelas brasileiras, dando a deixa (ainda bem, sem aquela encenação ridícula e vergonhosa do garoto que seria perseguido) para que cantassem: "Eu só quero é ser feliz...".

Caetano e Gil, ao lado de Anitta, também deram um show a parte, conduzindo a boa e velha MPB que tanto gostamos.Ah, Chico Buarque também recebeu uma belíssima e emocionante homenagem com a melodia de construção conduzindo os movimentos dos bailarinos.São tantas coisas que acabamos esquecendo de algumas, mas como não citar Fernanda Montenegro? Ao lado da voz de Judi Dench, as atrizes recitaram o poema "A Flor e a Náusea", de Carlos Drummond de Andrade, lembrando que, ainda que feia, a flor será sempre uma flor.

Tecnologia e simplicidade

A escassez de recursos fez da abertura um show do que sabemos bem fazer: um jeitinho, uma gambiarra. Com a coreografia luxuosa de Deborah Colker, e a condução não menos luxuosa de Fernando Meirelles, a abertura se revelou um celeiro de criatividade, empenho e simplicidade. Com recursos "baratos", como a projeção mapeada, a direção artística do espetáculo conseguiu fazer um show magistral, para gringo rico nenhum botar defeito. Com orçamento até 40 vezes menor do que as últimas cerimônias, o Brasil conseguiu fazer uma das cerimônias de abertura mais belas da história dos jogos olímpicos. 

A cerimônia trouxe ao mundo tudo que o brasileiro tem de melhor e de pior, sem esconder mazelas ou defender o caos.  Soube fazer música disso, gritando socorro em alguns momentos e pedindo paz em outros. “Parem de brigar”, a mensagem foi clara. O Brasil está doente, mas longe do estado terminal.

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