Acusado de ordenar assassinato de casal de extrativistas é absolvido

Kátia Brasil - Folhapress
Publicado em 04/04/2013 às 19:49.Atualizado em 21/11/2021 às 02:33.

MANAUS - O Tribunal do Júri de Marabá, no sudeste do Pará, absolveu nesta quinta-feira (4) o agricultor José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo. Outros dois acusados pelo crime foram condenados.

Ao absolver Rodrigues, os jurados alegaram falta de provas. Na manhã do dia 24 de maio de 2011, os extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva, 54, e Maria do Espírito Santo, 53, foram assassinados a tiros quando passavam de moto por uma ponte na estrada de terra no assentamento onde viviam, em Nova Ipixuna.

Na ocasião, os tiros de escopeta perfuraram coração e pulmão de ambos.

A motivação do crime, segundo a denúncia, foi a disputa pela posse de uma área rural dentro do assentamento Praialta-Piranheira. Os nomes de José Claudio Silva e Maria do Espírito Santo constavam da lista de pessoas ameaças de morte da CPT (Comissão Pastoral da Terra), mas nunca receberam segurança do poder público.

O júri popular, formado por quatro mulheres e três homens, analisou de cinco a seis quesitos formulados pelo juiz Murilo Simão para a condenação do duplo homicídio qualificado.

José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha, apontado com autor dos disparos, e Alberto Lopes do Nascimento, como coautor do assassinato, estão presos desde 2011. Os advogados dos condenados não foram localizados para dizer quando e se irão recorrer da decisão.

A sentença saiu após mais de 30 horas de julgamento, que começou ontem e terminou hoje. Presentes à sessão, familiares do casal protestaram aos gritos de "assassinos".

Foi a primeira vez que um crime de repercussão internacional foi julgado no sudeste do Pará, região conhecida pela tensão fundiária e impunidade nos crimes.

De 1.018 mortes por conflitos de terra de 1985 a 2011 na Amazônia, segundo a Comissão Pastoral da Terra, apenas 30 casos foram julgados.

A celeridade do julgamento dos assassinos do casal aconteceu depois que a promotoria de acusação abriu mão da réplica após as quatro horas de debate. A defesa tentou convencer os jurados da inocência dos acusados. Descreveu o casal como violento e patrocinado com organizações internacionais.

A defesa também quis sensibilizar os jurados ao apresentar o réu José Rodrigues Moreira como um homem religioso. Ele chegou a chorar clamando por Deus.

A acusação apresentou provas periciais da autoria do crime de duplo homicídio qualificado, como um exame de DNA de fios de cabelo encontrados em uma máscara de mergulho, que foi usada pelos acusados.

Testemunhas contaram que o casal era ameaçado porque denunciava a grilagem de terra e o desmatamento da floresta. Uma testemunha reconheceu Rocha na cena do crime.

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