Após oito anos, PSDB e PSB podem seguir caminhos opostos na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte deste ano. A aliança está à beira da implosão.
Sem uma alternativa de consenso, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) vetou todos os nomes oferecidos pelo senador Aécio Neves (PSDB).
A negativa gerou grande insatisfação entre os líderes dos partidos que formam o grupo político de Aécio desde 2003, quando o tucano conquistou o Palácio da Liberdade pela primeira vez.
Mesmo correndo o risco de ficar isolado, Lacerda quer um nome com perfil técnico. Já os aliados do tucano preferem uma alternativa com viés político. O assunto foi antecipado na edição dessa quarta (17), na coluna do jornalista Orion Teixeira.
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Almoço
Na segunda-feira, os dois almoçaram juntos na capital mineira. Foi o primeiro de uma série de encontros na tentativa de costurar a montagem da chapa. Mas o entendimento está distante.
Três nomes foram apresentados. Do ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP), dos deputados estaduais João Vítor Xavier e João Leite, ambos do PSDB. Todos foram rejeitados pelo prefeito, que defende um nome oriundo do meio empresarial.
O imbróglio envolve negociações do pleito de 2018. Segundo fontes que participam ativamente das negociações, Alberto teria sido recusado devido à aproximação dele com o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro (PP).
Candidato a vice-governador derrotado em 2014, Dinis já articula candidatura ao governo estadual, o que estaria contrariando os interesses de Lacerda, que deseja chegar ao governo de Minas.
João Leite voltou a ser preterido, já que o prefeito se recusou a nomear o parlamentar na Secretaria de Obras da prefeitura.
Preferiu emplacar no posto o ex-secretário José Lauro Terror, hoje superintendente da Sudecap.
João Vítor, por sua vez, não teria superado um atrito com Lacerda por conta de disputa de espaço em uma das regionais da administração municipal.
Nomes
Durante o encontro, Lacerda apresentou como opções os executivos Wilson Brumer e Paulo Brant, além do secretário de Obras, Josué Valadão. Curiosamente, Brumer já teria comunicado não ter interesse em disputar o pleito.
Com o encurtamento da campanha, uma das novidades da eleição deste ano, os aliados do senador tucano alegam que não haverá tempo hábil para emplacar um candidato desconhecido da população. Diante do imbróglio, foi estabelecido um impasse. Além disso, não abrem mão de colocar um candidato do PSDB na cabeça de chapa.
Em contrapartida, a legenda ofereceu o cargo de vice para o PSB e já até hipotecou apoio às pretensões de Lacerda em 2018.
“O prefeito tem uma visão muito crítica dos pré- candidatos com perfil político. Nesse momento, o acordo entre PSDB e PSB está longe de ser costurado”, garantiu um aliado próximo do tucano.
Em caso de rompimento, os tucanos ameaçam colocar o bloco na rua, inclusive apoiando candidaturas pulverizadas. Nesse contexto, o vice-prefeito Délio Malheiros (PV) aparece como opção. Aliado dos tucanos, Malheiros se filiaria ao PSDB.
Aliados do vice-prefeito ressaltam que ele já abriu mão de se candidatar em 2012.
Na época, ele atendeu a um pedido pessoal do senador tucano e retirou a candidatura, um dia após o vazamento de um vídeo no qual Malheiros afirmara que estaria ao lado de quem estivesse contra o prefeito.
O mesmo pode ocorrer com o deputado João Vítor Xavier, que tenta viabilizar a candidatura dele no PSDB, mas já estaria de malas prontas para o PSD.