Preocupado em evitar que o caos aéreo retorne aos aeroportos do País às vésperas das festas de fim de ano, o governo federal interveio na ameaça de greve de aeronautas e aeroviários. A Presidência da República pressionou e conseguiu que as companhias aéreas oferecessem um reajuste de 6% aos trabalhadores. Após a proposta, sindicatos suspenderam a paralisação marcada para a quinta-feira (13), mas continuam em estado de greve.
Apesar de saber que as empresas estão enfrentando problemas, autoridades do governo consideravam "ridículo" o índice de 1% de reajuste salarial que estava sendo oferecido inicialmente pelos empresários do setor aos seus empregados. "De fato, sem dúvida, o governo tentou ajudar nas negociações. Nós estamos preocupadíssimos com essa greve, principalmente neste momento", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, ao sair de um seminário sobre as relações entre Brasil e Itália, em um hotel em Brasília.
"Houve uma participação, uma conversa da SAC (Secretaria de Aviação Civil, da Presidência da República) com as empresas aéreas, pedindo que elas oferecessem mais", explicou Carvalho, que conversou com o ministro Wagner Bittencourt, da SAC, sobre o problema.
Carvalho afirmou que a última informação que havia recebido era de que a nova proposta ainda não havia sido aceita pelos trabalhadores. Mas o governo está otimista de que, apesar da resistência inicial em relação aos 6%, os aeronautas e aeroviários aceitem o reajuste.
A interferência do governo mostra uma nova postura do Planalto em relação às atitudes tomadas pelas empresas aéreas, que agiram, até então, como se fossem autônomas e não funcionassem mediante autorização do poder pública. A última coisa que o governo quer, no momento em que enfrenta problemas de ordem política, é retomar o caos aéreo de 2006.
Sindicatos
O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (que representa pilotos, copilotos e comissários), comandante Gelson Fochesato, afirmou que o aumento é insuficiente. Segundo ele, a inflação acumulada é de 5,95%. "Eles ofereceram só 0,05% a mais que a inflação. É muito aquém do que esperávamos. Estamos pedindo 8,5%."
Na tarde de quinta-feira (13), os trabalhadores fizeram um protesto no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Usando réplicas de máscaras do filme V de Vingança, os manifestantes chegaram a interditar por alguns momentos a Avenida 23 de Maio e o Túnel Paulo Autran.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), dos funcionários que trabalham em terra, diz que a categoria também continua em estado de greve. "Aceitamos abaixo do pedido inicial, com aumento para 10% para quem ganha o piso e 7% para quem ganha mais de R$ 5 mil. Mas nem isso as companhias tiveram capacidade de dar. Querem 6,5% para o piso e 3% para os que ganham mais de R$ 5 mil", diz Selma Balbino, presidente da entidade. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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