Agora que o pior passou

04/08/2016 às 16:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:10

Ontem, informei na coluna até onde chegarão as demissões na Usiminas (pode ser lida no portal do Hoje em Dia, clicando em opinião e depois em colunas). Hoje, vamos ao que se planeja para a recuperação financeira da empresa, baseado na entrevista concedida ao Hoje em Dia, na terça-feira, pelo atual presidente da empresa, Sérgio Leite.

Mas, antes, uma rápida contextualização para aqueles que não acompanham o assunto. A Usiminas enfrenta atualmente a mais grave crise financeira de sua história e, para combatê-la, a empresa foi submetida a um radical processo de recuperação, iniciado na gestão do ex-presidente Rômel Erwin de Souza e continuado pelo atual.

O plano incluiu drásticas mudanças da base operacional (fechamento das áreas primárias da usina de Cubatão e redução da produção em Ipatinga), corte de pessoal, renegociação das dívidas com os bancos e aporte de capital pelos sócios. O ajuste principal, planejado por Romel Erwin, já foi executado. Agora, falta a empresa voltar a gerar caixa e resultados. Foi sobre isso que conversei Sérgio Leite.

Os dois principais pontos que ameaçavam a sobrevivência da Usiminas, a baixa liquidez e o alto endividamento, estão praticamente solucionados. O aporte de R$ 1 bilhão feito pelos sócios em meados de julho garantiu oxigênio para a empresa atravessar a crise. E a renegociação da dívida com os bancos está próxima de ser concluída, com alongamento de 10 anos e carência das amortizações por três anos.

Agora, falta a sintonia fina. Ou seja, a adequação das plantas de Cubatão e Ipatinga ao novo desenho operacional e o esforço para tornar a operação novamente rentável. São cinco os pontos principais a serem atacados, segundo Sérgio Leite:

1 - Encontrar soluções que tornem a usina de Cubatão sustentável depois do fechamento das áreas primárias. Como o perfil de demanda de materiais e serviços mudou radicalmente, todos os contratos estão sendo renegociados. E ainda há onde cortar em pessoal próprio e terceirizado.

2 – Otimizar a estrutura industrial de Ipatinga, com revisão de todos os processos. O objetivo é aumentar a competitividade da usina, que já foi referência em custo de produção e qualidade de processos, mas não é mais.

3 – Redesenhar a estrutura de organizacional de recursos humanos e cortar custos. Estão previstos cortes na estrutura gerencial (com redução entre 20% e 25% dos custos neste nível de profissionais) em Ipatinga e Cubatão.

4 – Renegociar todos os contratos de compra de materiais e de prestação de serviços, buscando redução de despesas.

5 – Alavancar as receitas, o que só pode ser feito com reajuste de preços e aumento dos volumes vendidos. Por conta da desvalorização do câmbio, a empresa já conseguiu reajustar seus preços em 10% em junho para a distribuição e em outros 20% para a distribuição e as indústrias em julho. Já os volumes seguem pressionados pela crise, mas ao menos pararam de cair.

Resumidamente, são estas as linhas norteadoras do trabalho que está sendo realizado na Usiminas. Mas não custa lembrar que Sérgio Leite, eleito sem consenso entre os sócios e no cargo a pouco mais de dois meses, tem seu mandato questionado na Justiça pelo sócio Nippon Steel. Assim como o mandato de seu antecessor, Rômel, foi questionado pela Ternium. Cabe a Justiça decidir o mais brevemente quem com quem está a razão para que a Usiminas possa voltar suas forças unicamente para a recuperação.

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