Motivadas por recomendações médicas e nutricionais, as famílias brasileiras passam a comer mais frutas, legumes e verduras, pensando que desse modo estão cuidando da saúde. Verdade, se esses alimentos forem de boa qualidade. Mas relatório divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária revela que 29% das amostras analisadas no ano passado apresentavam níveis de agrotóxicos superiores ao recomendado. Ou seja, podiam envenenar o consumidor.
Houve, no entanto, melhora em relação a 2011, ano em que 36% das amostras analisadas tinham veneno acima do recomendado. Em 2012, foram examinadas apenas 1.665 amostras de sete culturas: abacaxi, arroz, cenoura, laranja, maçã, morango e pepino. Não se sabe, portanto, a situação das demais que compõem a mesa dos brasileiros. O uso incorreto dos agrotóxicos vem matando também trabalhadores rurais que não sabem como utilizá-los corretamente.
O mercado brasileiro de agrotóxicos foi estimado em R$ 8,9 bilhões em 2012. Em 10 anos, houve crescimento de 190%, bem acima do mercado mundial, que aumentou 93% no período. A situação é preocupante, pois a evolução dos órgãos fiscalizadores no Brasil não consegue acompanhar esse crescimento.
Minas ocupa posição melhor do que outros Estados, conforme os dados divulgados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), responsável pela execução das políticas públicas de defesa sanitária animal e vegetal no Estado. O IMA informa que no primeiro semestre deste ano fez 3,5 mil fiscalizações de uso de agrotóxicos. Seu diretor-geral, Altino Rodrigues Neto, afirma que é o Estado “que mais desempenhou ações de educação sanitária no contexto de agrotóxicos”. Entre janeiro e outubro, teria recolhido mais de 10 toneladas de agrotóxicos impróprios para uso na agricultura. Além disso, em seis meses, foram recolhidas 2,2 mil toneladas de embalagens vazias.
Se pudermos confiar nesses dados, estaremos mais seguros. O IMA é subordinado à Secretaria de Estado da Agricultura, cujo secretário, Elmiro Nascimento, será julgado pelo Tribunal de Justiça. Ele é acusado de improbidade administrativa. Teria contratado, quando deputado estadual, três funcionários pagos pela Assembleia Legislativa para trabalharem em sua rádio de Patos de Minas e numa de suas fazendas. Um gasto de R$ 458 mil. Para tranquilidade dos consumidores, a denúncia não tem relação com agrotóxicos. Tem com honestidade, mas o secretário disse que vai se defender.