Alemanha recebe refugiados com comida e placas de boas-vindas

FOLHAPRESS
06/09/2015 às 17:43.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:40
 (Reprodução/Youtube)

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A Alemanha recebeu milhares de imigrantes neste domingo com comida, roupas e cobertores, em uma onda de solidariedade à qual se somou o papa Francisco - que fez um pedido para que as paróquias acolham os  refugiados.

Na Alemanha, batalhões de voluntários se mobilizaram nas estações de trem de Frankfurt e Munique, no oeste e no sul, para acolher os imigrantes com cartazes de boas-vindas e oferecer a eles comida, roupa e agasalhos.

"As pessoas estão nos tratando muito bem, como seres humanos, não como acontece na Síria", disse, emocionado, Mohamad, um sírio de 32 anos que teve que deixar a cidade de Quseir, devastada pela guerra.

A polícia alemã prevê neste domingo a chegada de 10.000 refugiados, número recorde para um só dia. No sábado, o país recebeu 7.000 pessoas, a maior parte vinda de trem ou ônibus.

No meio da tarde, cerca de 6.000 crianças, mulheres e homens haviam chegado em solo alemão, a maioria na Baviera (sul). Os imigrantes vêm da Hungria, que neste domingo estabeleceu plenamente o tráfego ferroviário, após cruzar a fronteira com a  Áustria.

Do Vaticano, o papa Francisco também fez um chamado à solidariedade e pediu a todas as comunidades católicas da Europa receber uma família de refugiados. "Que cada paróquia, comunidade religiosa, monastério, santuário da Europa acolha uma família", declarou o pontífice argentino durante a missa do Ângelus na praça de São Pedro de Roma, afirmando que se trata de um "gesto concreto", em preparação para o Jubileu da Misericórdia que se inicia em dezembro.

Em uma Europa dividida sobre a resposta a ser dada para a pior crise migratória desde o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha decidiu flexibilizar suas normas de acolhida aos cidadãos sírios, que fogem da guerra civil travada há mais de três anos no país.

A maior economia da Europa, com uma população cada vez mais velha e carente de mão de obra, se tornou também um destino para iraquianos, afegãos e eritreus.

Assista ao vídeo da chegada de um dos trens a Munique.

    
Resposta conjunta
O chanceler austríaco, Werner Faymann, alertou que apesar da decisão tomada na última sexta-feira - de facilitar a entrada e o trânsito dos imigrantes até a Alemanha - ela tem caráter temporário, pedindo uma "solução europeia em conjunto".

Faymann pediu a realização urgente de uma reunião de cúpula da União Europeia extraordinária "imediatamente após" a reunião de ministros do Interior da UE, agendada para 14 de setembro para tratar a questão.

A Áustria defende a aplicação das cotas de recepção de imigrantes, e que os países da UE de dotem de padrões comuns para a concessão do estatuto de refugiado a pessoas que fogem de conflitos em países como Iraque, Síria e Afeganistão.

Enquanto isso, no Mediterrâneo, centenas de milhares de imigrantes continuam chegando às ilhas gregas do mar Egeu através da costa da Turquia.

Em Mitilene, a principal cidade da ilha de Lesbos, pessoas não identificadas montadas numa moto lançaram dois coquetéis molotov contra refugiados sírios que dormiam num parque. As autoridades enviaram reforços policiais e mobilizaram o exército por causa de uma briga entre sírios, atendidos de forma prioritária, e afegãos, que esperavam ser registrados num centro de acolhimento.

As iniciativas solidárias se sucedem na Europa, até mesmo no mundo do futebol. Seguindo o exemplo do Bayern de Munique e do Real Madrid, a Roma anunciou que arrecadará fundos para o Alto Comissariado para Refugiados da ONU (Acnur), Save the Children, International Rescue Committee e para a Cruz Vermelha.

Em Viena, um comboio de cerca de cinquenta carros particulares foram neste domingo até a Hungria recolher imigrantes para levá-los até seu destino.

O representante do Acnur, Antonio Guterres, garantiu neste domingo que a crise dos imigrantes na Europa pode ser gerenciada apesar dos problemas do sistema europeu de asilo. "O sistema europeu de asilo é profundamente disfuncional, funciona mal. Alguns países concentram todos os esforços e outros quase nenhum", afirmou Guterres em entrevista às emissoras francesas RFI e TV5 Monde.

Na sexta-feira o Acnur havia perdido a repartição de pelo menos 200.000 demandantes de asilo pelos países da União Europeia. A Comissão Europeia deve propor na semana que vem dividir 120.000 refugiados entre os estados-membro.

Em Estocolmo, capital da Suécia, o primeiro-ministro Stefan Löfven pediu um sistema de cotas "permanente e obrigatório" coincidindo com uma manifestação a favor dos refugiados.

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