Não é apenas dominar o universo da poesia. É preciso também saber expressá-la de forma falada, numa performance que não é muito diferente dos duelos de Mc’s. “Você tem que saber performar com seus próprios textos. Além da escrita, há todo um trabalho com corpo e voz”, observa Nívea Sabino, poeta e curadora da primeira edição do Festival Nacional da Voz e da Poesia Falada.
Criado em Belo Horizonte, o festival já nasce com um desafio: como retratar no mundo online uma arte fortemente relacionada com o espaço coletivo? “Haverá apresentações, mas o que estamos buscando é trazer reflexão sobre os fazeres artísticos, discutindo a poesia falada como elaboração, como construção”, explica Nívea, que divide a curadoria com o sergipano Pedro Bomba.
A programação, que poderá ser conferida até sábado (21), em transmissão gratuita pelo canal do RodaBH de Poesia no YouTube, tem como norte debates e mostra de videopoemas. Hoje o festival fará o encontro da poeta e atriz Luiza Romão, do ator, poeta e roteirista Uirá dos Reis e do professor e artista Lucio Agra, na mesa sobre “Voz, Corpo e Poesia Sonora”.
Amanhã, às 12h, o festival apresenta um encontro de gerações entre a multiartista e chef de cozinha Zora Santos com Filipe Thales, fundador do projeto Viva Lagoinha. Na mesa “Cozinha, Quintal e Oralidade”, os convidados conversarão sobre as histórias e saberes aprendidos no ambiente da casa através de conhecimentos passados de geração para geração.
O evento carrega toda a bagagem de quem já realizou várias edições da RodaBH de Poesia. “Já vínhamos desse trabalho com a palavra em diversas linguagens. Belo Horizonte e toda Minas Gerais vêm mostrando uma excelência nessa arte. Não por acaso, dois campeões de poesia falada são daqui – o professor João Paiva, do Barreiro, e Pieta Poeta, do Aglomerado da Serra”, destaca.