Média de gols nas alturas, arquibancadas lotadas, clima de alegria por todas as cidades. Não são poucos os momentos que já transformaram o Mundial no Brasil em um dos mais inesquecíveis de todos os tempos. Mas nem só de festas e lances plásticos estará marcada a “Copa das Copas”. Polêmicas dentro e fora das quatro linhas também ficarão para sempre no imaginário dos torcedores.
Erros de arbitragem, jatinho lotado de dinheiro, agressões e até uma mordida. Daqui alguns anos, a genialidade de astros como Neymar, Messi e Robben dividirá espaço com a irracionalidade de Luis Suárez ou o pênalti que encaminhou a vitória na suada na estreia do Brasil. Histórias que já estão para sempre na galeria de momentos únicos do esporte mais popular do planeta.
Apito inimigo
Foram precisos apenas 68 minutos de bola rolando para que a Copa conhecesse sua primeira grande polêmica envolvendo a arbitragem. Quando Brasil e Croácia empatavam em 1 a 1, Fred se jogou na área e o japonês Yuichi Nishimura apitou pênalti. O gol abriu caminho pra o triunfo brasileiro, por 3 a 1, e gerou teorias de que a Seleção teria a vida facilitada por jogar em casa.
Mas o que se viu na sequência foi uma série de erros dos homens do apito. Já no segundo dia de jogos o México teve dois gols mal anulados na vitória por 1 a 0 sobre Camarões. Penalidades inexistentes também foram marcadas, por exemplo, para a Espanha contra a Holanda e para a Alemanha diante de Portugal. Mas talvez a mais prejudicada na fase de grupos tenha sido a Bósnia-Herzegovina. Um gol legal de Dzeko garantia a classificação, mas o lance acabou anulado.
Verdinhas
Ninguém gosta de trabalhar de graça. Mas as exigências de três seleções africanas para os prêmios pela participação no Mundial atraíram mais a atenção do que o futebol apresentado em campo. Antes de embarcar para o Brasil, Camarões ameaçou entrar em greve se não recebesse o “bicho” por estar no torneio.
Entre um jogo e outro pelo Grupo F, os nigerianos cancelaram até treino enquanto não recebessem o prêmio prometido e a situação só se resolveu após a intervenção do presidente do país, Goodluck Jonathan.
Mas o caso mais emblemático é o de Gana, cujos jogadores exigiram receber em dinheiro vivo para continuar disputando a Copa. O prêmio de US$ 3 milhões (cerca de R$ 6,6 milhões) chegou num jatinho particular e teve até atleta filmado beijando os maços de dólares.
Constrangimento
O hino da França – A Marselhesa – é considerado um dos mais belos do mundo e causa emoção quando é executado antes das partidas dos Bleus em Copas. Sentimento que os torcedores de Porto Alegre que foram à estreia dos franceses no Mundial não vão poder guardar na memória.
Por causa de uma falha da organização, os hinos de França e Honduras não foram executados, e um silêncio constrangedor tomou conta do Beira-Rio, no dia 15 de junho, na primeira rodada do Grupo F. Menos mal para o atacante francês Benzema.
Filho de argelinos, Benzema se recusa a cantar o hino por causa da frase “que um sangue impuro banhe nosso solo”, que originalmente fazia referência à ocupação do país, mas hoje é considerada por alguns como um ataque aos imigrantes.
Vias de fato
Homem forte na cúpula da CBF, o diretor de comunicação da entidade, Rodrigo Paiva, viu os holofotes se virarem para – e contra – ele esta semana. O motivo não foi nem um pouco nobre: teria agredido com um soco o atacante Pinilla, no duelo entre Brasil e Chile, no Mineirão.
Paiva foi suspenso por um jogo e não pode trabalhar no jogo de sexta da Seleção com a Colômbia, pelas quartas de final, mas o gancho pode aumentar nos próximos dias. Pelas redes sociais, o atacante chileno exige uma punição exemplar ao cartola da CBF.
Papo entre amigos
O desempenho irregular da Seleção levou o técnico Luiz Felipe Scolari a chamar para uma conversa jornalistas que ele considera “amigos”. No papo, Felipão pediu apoio em temas como a arbitragem e admitiu que a pressão para conquistar o Mundial fez os jogadores chorarem muito antes da disputa de pênaltis com o Chile, no Mineirão.
Fome de vitória
Dificilmente um lance nos gramados brasileiros conseguirá superar a mordida do uruguaio Luis Suárez no ombro do zagueiro italiano Chiellini como a imagem mais marcante da Copa de 2014. A inusitada agressão, ocorrida na última partida do “Grupo da Morte”, se espalhou em segundos pelas redes sociais e foi um dos momentos mais comentados do ano.
Suárez pegou uma suspensão de nove partidas pelo Uruguai e quatro meses de afastamento do futebol. Chiellini perdoou o atacante e considerou a pena exagerada. A Itália caiu naquela partida, sem sequer chegar ao mata-mata, e a Celeste se despediu nas oitavas, derrotada pela Colômbia.
Mas, mesmo longe de se aproximar da briga pelo título, essas duas tradicionais seleções entraram para a história como protagonistas de um dos principais momentos da Copa.