Analista de sistema é preso na Alemanha acusado de matar a filha

Leandro Machado - Folhapress
13/11/2012 às 19:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:15

SÃO PAULO - Um brasileiro está preso há oito dias, incomunicável, numa cadeia na cidade alemã de Munique, acusado da morte da própria filha, na Argentina, em um acidente de carro no qual ele não foi responsável.

Procurado pela Interpol, o analista de sistemas Daniel Nicoletti, de 26 anos, ao desembarcar no aeroporto da cidade alemã na última quinta-feira (8) foi surpreendido com a notícia de que estava na lista de procurados e seria imediatamente encaminhado à prisão, devido à uma condenação por homicídio.

Nicoletti se dirigia à República Tcheca, onde iria participar de um evento de computação. Durante a escala no aeroporto de Munique, ele foi cercado por policiais da imigração.

Segundo sua mulher, Elisabeth Nicoletti, de 29 anos, Daniel está preso com outros oito homens na penitenciária da cidade e, desde o dia da prisão, ela não consegue contatá-lo.

Elisabeth conta que o casal se mudou para Entre Ríos (Argentina) no ano passado, para ela cursar medicina. Em abril, eles sofreram um acidente de trânsito em que sua filha de um ano e quatro meses morreu.

A mulher diz que a culpa foi de outro veículo, dirigido por um homem de 85 anos. Arrasados, eles voltaram ao Brasil com o outro filho pequeno, gêmeo, enquanto a polícia local investigava o acidente.

Eles informaram o endereço em São Paulo e contrataram uma advogada argentina para cuidar do caso, mas nunca receberam nenhuma notificação.

Só agora, depois de Daniel ser preso na Alemanha, ela descobriu que a Justiça procurou o marido na Argentina por três vezes, e que ele acabou condenado à revelia pela morte da filha. "No início, nossa advogada disse que o processo envolvia apenas a questão do seguro do carro. Agora ela me disse que havia abandonado o caso por motivos pessoais", conta Nicoletti.

Ainda segundo a mulher, a polícia alemã pediu que a Justiça argentina enviasse os documentos do caso antes de deportá-lo, mas que eles recusaram.

Segundo o Itamaraty, se a Argentina não enviar o processo, a polícia alemã terá de liberá-lo. O consulado brasileiro na Alemanha está acompanhando o caso.

Nicoletti está sem dinheiro [viajou apenas com cartões], diz a mulher, e ainda precisa pagar as refeições na prisão e uma advogada alemã que foi designada para o caso.

Elizabeth procurou amigos do marido e arrecadou em uma "vaquinha virtual" cerca de R$ 4.200 para pagar sua passagem à Alemanha.

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