O candidato a vice-governador de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas, Antônio Andrade (PMDB), responsável especialmente por dar capilaridade à coligação e aumentar o tempo de TV na campanha do petista, garante que está preparado para denunciar “muitas falhas” do PSDB no horário político, a partir do dia 19.
“Queira ou não queira, virá à tona várias ações de governo”, comenta. Segundo o ex-ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff (PT), faltou apoio ao agronegócio, com destaque para o pequeno produtor, na educação, saúde e segurança pública, além de “desrespeito” com o dinheiro do contribuinte. Presidente estadual do PMDB mineiro, Andrade admite que há dissidência em sua legenda e acredita que faltam “partidos fortes o suficiente” para barrar a infidelidade partidária e a “unidade de ideias”. Ele garante que há tucanos que vão trabalhar junto ao PMDB no pleito estadual.
De que forma o senhor pode ajudar Pimentel a conquistar o eleitor e vencer o pleito? Qual é o diferencial do senhor enquanto candidato a vice?
Primeiro, fui prefeito da cidade de Vazante, tive três mandatos de deputado estadual, estou no segundo mandato de deputado federal. Fui ministro de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Dilma, e vimos que a presidente deu total apoio ao nosso ministério. Tivemos a felicidade de, no ministério, colhermos os melhores resultados possíveis, com superávit na balança comercial de quase US$100 bilhões. Todos os produtos, de um modo geral, aumentaram de preço e qualidade. Tivemos, nesse tempo em que lá ficamos, várias conversas com o Fernando Pimentel.
E verificando a situação do Estado, queríamos implantar várias políticas públicas aqui dentro de Minas Gerais e não encontramos apoio, de forma nenhuma, quando eu era ministro. Depois, trabalhamos no PMDB por candidatura própria, porque queríamos que tivesse uma candidatura própria. Tinha o nome do ex-senador Clésio Andrade, quando entramos aqui, trabalhamos muito essa candidatura, mas ele achou melhor não sair candidato, e que a melhor composição era com o PT, já que formávamos um bloco dentro da Assembleia Legislativa com PT e PMDB unidos. E as ideias, o mais importante, é que o pensamento para o governo de Minas é muito parecido. Indignados com as políticas que aí estão, principalmente as ditadas pelo PSDB.
O senhor não encontrou apoio do Estado para quais políticas públicas?
Minas não tem nenhuma política pública no agronegócio. Você imagina que, nessa crise do café, não vimos por parte do governo do Estado nenhum apoio aos nossos produtores. Só víamos o governo do Estado pedindo ao governo federal que desse apoio. Assim mesmo no leite: a política que até hoje dá isenção tributária do leite é da época do Itamar Franco. O Elmiro Nascimento acabou saindo da secretaria, uma vez que se limitava à abertura de exposições.
Minas não tem nenhuma política pública no agronegócio. Você imagina que, nessa crise do café, não vimos por parte do governo do Estado nenhum apoio aos nossos produtores. Só víamos o governo do Estado pedindo ao governo federal que desse apoio. Assim mesmo no leite: a política que até hoje dá isenção tributária do leite é da época do Itamar Franco. O Elmiro Nascimento acabou saindo da secretaria, uma vez que se limitava à abertura de exposições.
Hoje, o IMA, para expedir uma guia, cobra, e cobra caro do nosso produtor, por uma guia de transferência de transporte de animais. Então, tudo que é feito na política de Minas é pago e mantido pelo nosso produtor. Já perdemos o segundo lugar do PIB, de arrecadação, para o Rio de Janeiro, por mais de 40%, e se não fizermos mudanças rápidas, nós perderemos essa posição de terceiro Estado brasileiro para Paraná, Rio Grande do Sul e até Bahia, que vão nos ultrapassando.
O fato de a economia de Minas ser baseada em commodities é um dos entraves para o desenvolvimento do Estado? Falta investimento em tecnologia e pesquisa?
Nós temos a maior rede universitária do nosso país, aqui em Minas. São 11 universidades. Seis institutos tecnológicos com diversos campus instalados. No entanto, nós não tivemos nenhum investimento em duas universidades que seriam do Estado: Unimontes e Uemg. E não tem nenhuma política voltada para essas universidades. Todas elas são abandonadas pelo Estado, deixadas em segundo plano. O Estado hoje tem sua economia baseada em minério de ferro e produtos agropecuários. Não tem nenhuma política de desenvolvimento para Minas.
Qual é a proposta do senhor e de Fernando Pimentel para Minas, nesse aspecto?
A primeira coisa é traçar uma política. Nós temos ouvido todo o Estado, escutado os nossos empresários, escutado o povo, que é dono dos recursos, para saber o que devemos fazer. E nós temos visto que Minas são muitas e o que nós temos de fazer são políticas públicas, um projeto de desenvolvimento para essas regiões. Descentralizar os projetos de Minas. Nós temos que dar todo apoio à vocação de cada região, fazer com que Minas seja uma ‘Nova Serrana’.
O Estado nada faz em Nova Serrana e ela cresce à revelia das políticas que o Estado possa implantar em Minas. Temos que dar todo esse apoio. Basta saber que a Cidade Administrativa foi mobiliada com móveis fabricados em São Paulo, não em Minas. Fica aqui uma denúncia. Seria mobiliado com móveis de Minas e não de São Paulo, gerando empregos, renda aos moveleiros de SP e não de Minas. A energia de Minas é a mais cara do nosso país, chega a 40%. Uma água que é a mais cara do nosso país, um esgoto que é o mais caro e jogado a céu aberto, como se fosse esgoto tratado.
Quais vantagens o PMDB pode trazer para a coligação com o PT, além da capilaridade?
O PMDB é um partido grande, com maior número de vereadores do nosso Estado, além de prefeituras e vices. Há uma capilaridade grande e o PMDB entende, nesse momento, que o melhor para o nosso Estado é mudar o que está aí hoje. Com a segurança pública, os prefeitos têm sofrido muito. Eles têm ajudado e de forma significativa a segurança dos nossos municípios, ajudando na manutenção dos veículos da segurança, que seria uma obrigação do Estado, que não cumpre o mínimo constitucional, não cumpre seus deveres.
No caso dos transportes escolares, muitos prefeitos transportam de uma forma deficitária os alunos do Estado. Veja, é dever do Estado cuidar dos alunos do segundo grau. O piso salarial da educação não é pago. Como o Estado pode se desenvolver com os nossos professores, educadores, sendo mal remunerados? Sem nenhum incentivo para o exercício da profissão? O Estado vai se desenvolver aplicando justamente na educação. É básico para qualquer município, Estado, país. Sou filho de diretora aposentada, tenho duas irmãs professoras e sabemos a importância que é a educação na formação da cidadania, de qualquer ser humano.
A Saúde, basta você dar uma passada na Alameda Ezequiel Dias para ver várias ambulâncias de vários municípios que chegam lá. Porque hoje o doente é mais transportado para BH do que tratado nos seus municípios. Nenhum apoio governamental. Agora, é falta de recurso?Não é falta de recurso, de forma nenhuma. É falta de administração, é administrar com falta de respeito à nossa gente, ao nosso povo. Quando você tem respeito ao dinheiro que recebe, que você paga como imposto, pode ter certeza absoluta que vai ser bem aplicado, que tem dinheiro para todas as realizações.
No início do ano, o senhor citou que o PSDB teria oferecido ao senhor R$ 20 milhões...
Esse assunto acho que já foi encerrado, houve um equívoco por parte do PSDB, eles entenderam que houve equívoco, e já encerrou este assunto.
Em relação à infidelidade no PMDB, como o partido vai cuidar disso?
Pelo tamanho do PT, PMDB, PSDB, há dissidentes. No PSDB há prefeitos e vereadores que vão nos apoiar. Tanto no PMDB, é natural que haja alguns dissidentes. Ainda não há no nosso país partidos fortes o suficiente para ter políticas bem definidas pela nossa gente e saber o compromisso de cada cidadão que é filiado. Então há dissidência em todos os partidos.
Ainda é alto o grau de insatisfeitos com a política, com os candidatos, e grande o número de indecisos que votariam em branco ou anulariam o voto. Como o senhor vê esse quadro?
É na faixa dos 35%, 40% a porcentagem de indecisos. Isso demonstra a descrença que o nosso povo tem com a classe política, com as políticas públicas. É claro que com o tempo eles vão verificando as propostas de A ou de B e aí começam a ter interesse maior. Essa ausência de decisão por parte do nosso eleitor vai começar a diminuir. Vamos ter, entre ausentes, nulos, brancos, acredito que em torno de 20% dos eleitores, que deixarão de votar nas próximas eleições. Lamentamos profundamente. Entendemos que o eleitor tem que tomar conhecimento. Quando ele não toma uma posição, alguém toma em nome dele. Ou, sem o voto dele, alguém vai ser eleito. Queremos que todos se envolvessem, tomassem essa decisão no dia 5 de outubro.
O desgaste que o outro lado tem tido com o caso do aeroporto de Cláudio pode respingar no candidato ao governo e principal adversário da sua coligação, e reverter o apoio de uma parte da população para o PT?
Nossos deputados estaduais do PMDB e do PT denunciaram várias ações do governo na Assembleia, não foi só aeroporto. Ações foram denunciadas como a fusão dos dois Fundos Previdenciários, mas não foram apresentadas no ar. Se pegar a TV Assembleia, não foi reprisado, mas foi falado ao vivo, por vários deputados. Lamentamos profundamente que tenha um programa de melhoria de aeroportos com só dois construídos, o de Cláudio, junto ao tio do Aécio, e o da Zona da Mata. O governo que aí está acha que é todo poderoso, que tem o controle total das ações e que nada vai ser denunciado. Muita coisa foi denunciada e muita coisa será denunciada durante a campanha política, nos horários gratuitos. Queira ou não queira, virá à tona várias ações do governo.
Por outro lado, o Pimentel tem que responder em relação ao Olho Vivo. Como a campanha vai tratar esse assunto?
Eu acho que é uma boa matéria para a oposição bater, depois verificarão a resposta que terão. Se a oposição vai bater, é a única coisa que a oposição bate. Mas está tudo sob controle. Deixa bater, e eles vão receber as respostas que deverão ser respondidas.
A sua coligação está lançando o senhor Josué Alencar para o Senado. Ele tem perfil técnico e o fato de ser um “novato” na política é um dificultador, considerando-se que Antonio Anastasia (PSDB) é conhecido em todo o Estado como ex-governador?
Ele é novato na candidatura, mas ele tem uma experiência muito grande, acompanhou muito de perto o seu pai, José Alencar, que foi candidato a governador, senador, vice-presidente da República. Ele tem uma experiência muito grande. Apesar da sua juventude, é extremamente capacitado, qualificado para ser um grande senador em Minas, pela sua capacidade, conhecimento do Brasil, das causas de Minas, por conhecer o lado empresarial e por saber conviver muito bem com o lado patronal, e do empregado. E por saber que o maior patrimônio das suas empresas não é o físico, mas o de pessoal, os investimentos que são feitos em sua gente.