Preparem-se senhores que tramaram, executaram ou apoiaram o golpe. A toda ação há sempre uma reação oposta de igual força, conforme demonstrado por Newton.
Esqueçam a possibilidade de acomodação dos campos políticos depois da chacoalhada do impeachment. A massa de eleitores traídos não acompanhará os desdobramentos do golpe pela televisão.
Poderemos ter alguns dias de ressaca, mas a reação virá. E os senhores já não possuem a seu favor a máquina de repressão e as leis de exceção da ditadura militar.
O projeto conservador posto em marcha por Temer ainda na interinidade não passou pelo crivo do voto. Por isso não é legítimo e não será aceito.
Aos democratas
Dilma apelará ao Supremo Tribunal Federal e não lhe faltarão provas de ilegalidades e irregularidades cometidas ao longo do julgamento. Mas não guardem qualquer esperança de reversão do impeachment. A apelação será protocolar e o STF não ousará questionar decisão do Congresso.
Se não há possibilidade de retorno à normalidade democrática pela recondução da presidente eleita por via legal, resta a resistência organizada da população ao governo ilegítimo e às reformas conservadoras. As bandeiras agora são a do plebiscito pela antecipação das eleições presidenciais e a oposição ao corte de benefícios sociais.
Como o Congresso já demonstrou, Temer não terá qualquer dificuldade para aprovar, na Câmara e no Senado, o que for necessário para a consecução de seu projeto conservador. A resistência terá que vir das ruas.
Aos aposentados e pensionistas
Não sei se está claro, mas são os aposentados, pensionistas e contribuintes do INSS entre 40 e 60 anos as principais vítimas das reformas conservadoras que virão com Temer.
O novo presidente encaminhará em curtíssimo prazo (escrevam isso) ao Congresso seu projeto de reforma da Previdência Social.
Sua estratégia será aproveitar o momento de atordoamento gerado pelo impeachment para fazer tramitar e aprovar o que há de mais polêmico em sua proposta de ajuste fiscal: a desvinculação das aposentadorias ao salário mínimo. Sim, caríssimos, se isso for feito vocês perderão renda e passarão por necessidades.
Ao Temer
Sei que não faz qualquer diferença, mas torço para que o constrangimento com sua presença no encontro de cúpula do G-20, na China, a partir de hoje, seja enorme e explícito.
À Dilma
Uma homenagem em forma de aspas tiradas de seu próprio discurso de despedida:
“O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais, é contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra o povo e contra a nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”.