Após ser velado em Brasília, corpo de Niemeyer volta ao Rio

Fernanda Odilla e Johanna Nublat - Folhapress
06/12/2012 às 20:47.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:09

(Pedro Ladeira/Frame/Estadão Conteúdo)

BRASÍLIA - A manifestação de carinho das pessoas que pararam nas ruas e fizeram fila para dar adeus a Oscar Niemeyer emocionaram os netos do arquiteto, velado nesta quinta-feira (6) no Palácio do Planalto. Dezenas de pessoas cantaram o hino nacional quando o caixão foi colocado no caminhão do Corpo de Bombeiros, que deixou o palácio rumo à base aérea de Brasília por volta das 19h40.

O fim do funeral foi antecipado em 20 minutos porque, segundo a Presidência da República, o aeroporto Santos Dumont, no Rio, fecha para pousos. Dilma se despediu da família mas não acompanhou a saída do caixão. A Polícia Militar do Distrito Federal calcula que cerca de 4,5 mil pessoas passaram no funeral. A contagem da Presidência, contudo, é menor: 3,8 mil pessoas fizeram fila para dizer adeus ao arquiteto. Niemeyer será enterrado no Rio esta sexta-feira.

"Foi muito emocionante ver as pessoas todas demonstrando tanto carinho", afirmou Ana Lúcia Niemeyer, neta do arquiteto. Para o irmão dela, Carlos Oscar Niemeyer Magalhães, a presença de crianças e idosos se despedindo do arquiteto no caminho do cortejo marcou.

Para os netos, Niemeyer precisa ser lembrado não apenas pelos monumentos que projetou como pelo engajamento político. Carlos Oscar disse que a palavra preferida do avô era "solidariedade". "As ideias que ele tentou passar de humanismo, justiça social, isso é tão importante quanto as obras dele. Acho que a gente tem que preservar e difundir o pensamento dele", afirmou Ana Lúcia.

Enquanto a família ficou numa sala reservada no Palácio, políticos e populares passaram para se despedir do arquiteto. Para ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz "quem ama Brasília e gosta da cidade tem o dever de homenagear Oscar Niemeyer". Em seguida, completou: "Lamento sua morte, mas ele viveu bem: 104 anos e mais tudo o que ele fez".

O senador Rodrigo Rolemberg (PSB-DF) disse que Niemeyer deve ser lembrado para além de sua arquitetura. "Ele era muito comprometido com o povo brasileiro e com populações oprimidas, e tinha muito amor pelo Brasil. São legados tão importantes quanto sua arquitetura genial".

A ministra Ideli Salvati (Relações Institucionais) também destacou a genialidade do arquiteto. "'Além de toda genialidade de sua obra, nunca deixou de ter lado ou posição política ou ainda de lutar pelos seus ideais. A palavra dele sempre esteve presente nos momentos políticos mais relevantes do país", disse.

A estudante de arquitetura Luíza Solano, de 21 anos, fez um desenho para o arquiteto que, segundo ela, permanece moderno. "Eu sou estudante de arquitetura e aprendi muito com ele. Não acredito que a obra dele esteja ultrapassada", disse.

Escritório

Os dois netos de Niemeyer disseram que ainda não está decidido se o escritório do arquiteto no Rio de Janeiro vai continuar operando. "Não é hora de pensar nisso", disse Ana Lúcia. Hoje, os netos preferiram ressaltar as manifestações de carinho.

"O Oscar é uma figura muito querida em todo o país, em Brasília especialmente e nós recebemos muitos populares, que procuraram a família com bilhetes, com manifestações de carinho. Isso é muito confortante e de certa maneira esperado, porque ele era muito admirado e muito querido", afirmou o neto Carlos Oscar.
 

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