Aposta no antipolítico pode ser tiro no pé para Lacerda

Publicado em 12/07/2016 às 06:00.Atualizado em 16/11/2021 às 04:15.

Por contas das pesquisas que carrega consigo, ou pela interpretação que faz delas, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), está confiando excessivamente no que classifica de perfil antipolítico que deverá eleger o seu sucessor.

Com base nessas avaliações, tomou decisões ousadas e igualmente arriscadas ao escolher um candidato de perfil executivo, com a chancela de não ser político, convencido de que o eleitor está com “nojo” dos políticos. O tiro pode sair pela culatra.

Visões extremistas da política trazem em si erros de avaliação, como está a demonstrar, agora, essa fase de busca e formação de alianças. O desinteresse do prefeito pelos políticos pode ser medido pela rejeição que tem entre os vereadores da capital.

Há políticos e políticos. O que, provavelmente, o eleitor maduro e esclarecido quer distância é dos corruptos ou de políticos com algum tipo de envolvimento. 

Pelo senso comum, político é aquele que tem mandato, como o próprio prefeito, que se gaba de ser empresário de formação. Sendo assim não haverá políticos, porque ninguém nasce com mandatos, mas o conquista depois de algum sucesso nas carreiras que escolheram.

Indiferente, Lacerda não só escolheu um candidato de perfil técnico (Paulo Brant), como também dispensou aliança de oito anos com os tucanos do senador Aécio Neves, que o elegeu e reelegeu na prefeitura. Agora, está com dificuldades de montar a aliança, que terá que ter perfil político e partidário, para fortalecer seu candidato ‘antipolítico’, com mais tempo de televisão e apoio que, ao final, é político. 

Reinventar a roda traz custos e requer muita criatividade para mudar o jogo com a bola rolando. O prefeito está convidando vários ex-aliados, incluindo aqueles partidos que dizem ter candidatos.

Seguidores dele convidaram o PSD para compor a chapa e indicar o vice, mas ali já há um candidato, Délio Malheiros, que vem a ser o atual vice-prefeito.

“Não há menor hipótese de eu ser vice novamente ou de meu partido não ter candidato. O Kassab (presidente nacional) me deu garantia total de legenda”, disse Délio, ao confirmar para o próximo dia 22 a convenção de seu partido que homologará sua candidatura. 

Fixado no antipolítico, Lacerda está fazendo muita política e até se reaproximou do governador Fernando Pimentel (PT), convencido de que, se seu candidato disputar o segundo turno contra o tucano, poderá ter apoio dos petistas. Na vizinha Contagem (Grande BH), por exemplo, Lacerda e Pimentel deverão dividir o mesmo palanque do candidato à reeleição, o prefeito Carlin Moura (PCdoB). 

Reforma antecipa extinção

A segunda fase da reforma administrativa do governador Fernando Pimentel já está praticamente selada com a aprovação do projeto principal da reconfiguração administrativa.

Ao sancionar, nos próximos dias, o projeto de reforma, Pimentel já terá autorização prévia para mexer em órgãos que ainda serão extintos como a centenária Imprensa Oficial, o Departamento de Obras Públicas, a Prominas, a Utramig, entre outros, e as empresas Rádio Inconfidência e Rede Minas de Televisão.

Essas duas últimas serão incorporadas pela Empresa Mineira de Comunicação (EMC). Os projetos desses órgãos estão prontos para ser votados na primeira de semana de agosto, mas a linha mestra da reforma já foi aprovada, prevendo a extinção deles.

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