Armero marca 1º gol na vitória por 3 a 0 sobre a Grécia, na estreia do Mineirão em Copas do Mundo

Mamede Filho e Gláucio Castro - Hoje em Dia
15/06/2014 às 08:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:01
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Nem sempre é preciso muito tempo para escrever a história. Às vezes, são necessários poucos minutos. Cinco, para ser mais exato. Foi o que gastou no sábado (14) um velho conhecido da torcida brasileira, na vitória da Colômbia, por 3 a 0, sobre a Grécia, na primeira partida do Mineirão em uma Copa do Mundo.

Pablo Armero não era um dos mais prováveis candidatos a deixar o Gigante da Pampulha consagrado na tarde de ontem. O ex-lateral do Palmeiras está longe de ser conhecido pelo faro de artilheiro. Em 53 jogos pela seleção colombiana, ele havia marcado apenas um gol.

O próprio histórico no palco mais importante do futebol mineiro parecia reservar a Armero um papel coadjuvante. Na única passagem pelo Mineirão, no dia 23 de setembro de 2009, ele até viu seu Palmeiras vencer o Cruzeiro, por 2 a 1, pelo Brasileirão. Mas foi obrigado a se dirigir ao vestiário mais cedo, expulso.

Ontem, Armero também saiu mais cedo de campo, mas por um motivo muito mais nobre. Foi substituído aos 28 minutos do segundo tempo para ser aplaudido pelos mais de 30 mil colombianos que lotaram as arquibancadas do Gigante da Pampulha.

O lance que escreveu um novo capítulo na carreira de Armero aconteceu no quinto minuto de bola em jogo. Após assistência de Cuadrado, o lateral invadiu a área e tocou colocado. A bola desviou no zagueiro grego Manolas antes de morrer no fundo da rede.

O gol inaugural da Copa do Mundo em Belo Horizonte veio para coroar uma tarde desenhada para ser de protagonismo total para a Colômbia. Desde o começo da manhã, só se via camisas amarelas no entorno do Mineirão. Nas arquibancadas, milhares de pessoas celebravam cada minuto de contato com a Copa.

A histeria da torcida contagiou os jogadores colombianos. Depois de abrir o marcador, a seleção sul-americana manteve o controle da partida e passou a primeira etapa sem sofrer qualquer ameaça dos gregos. No segundo tempo, os comandados do técnico argentino José Pekerman ampliaram com Teófilo Gutiérrez, aos 12 minutos, e fecharam a conta com James Rodríguez, eleito melhor da partida, nos acréscimos.

Mas a tarde de glória foi mesmo de Armero, um lateral de 27 anos que começou a carreira no América de Cali, se tornou ídolo no Palmeiras, clube que defendeu em 2009 e 2010, e em seguida se transferiu para o futebol europeu. Hoje, o colombiano atua no West Ham, da Inglaterra, cedido por empréstimo pelo Napoli.

"Foi uma tarde linda, inesquecível. Este foi o gol mais importante da minha carreira, porque trata-se de uma Copa do Mundo. O futebol se resume a este tipo de situação, a deixar as pessoas felizes. Entrei para a história do Mineirão e escrevi um capítulo muito especial em minha vida”, resumiu o herói do dia.
 
União na arquibancada faz o gigante pulsar
 

A pequena e tímida Maria Paula Lage, de 8 anos, já ouviu muitas histórias. Bom de prosa, o aposentado Jair Hipólito Faria, de 76, sabe bem como contar histórias. Ontem, foi a vez de ambos entrarem para a história.

Maria Paula e Jair não se conhecem. A garota foi levada ao Mineirão pelo pai, Ronaldo Ribeiro, 42 anos. O aposentado estava acompanhado da nora, Priscila Martins, 31. Mas o sentimento dessas duas pessoas de diferentes gerações era um só. Testemunhar o primeiro jogo da Copa do Mundo no estádio, inaugurado em 1965.

Ela usava roupas moderninhas. Ele preferiu calça social e blazer, traje muito usado no passado para ir aos jogos de futebol. “Estou muito feliz de estar aqui. É Copa do Mundo. Muita gente queria estar no meu lugar”, disse Maria Paula. “Já vim ao Mineirão com mais de 100 mil pessoas. Sou dessa época. Mas nunca assisti a um jogo de Copa. A emoção é grande”, resumiu Jair, enquanto seguia apressado em busca do seu lugar nas arquibancadas.

Ontem, de fato, Belo Horizonte mergulhou oficialmente no maior evento do esporte mais popular do planeta. Acostumado a tantos momentos marcantes, o Gigante da Pampulha viveu mais um dia de glória. Desde as primeiras horas da manhã, uma onda de alegria, entusiasmo e emoção tomou conta das imediações do estádio. E nem era jogo da Seleção Brasileira.

Famílias inteiras, casais, amigos, povos de tantas nações, torcedores de dezenas de times do mundo transformaram o Mineirão num cenário impressionante. Impossível não registrar o momento em foto e vídeo. Já dentro do estádio, quando a bola rolou, pontualmente às 13h, muitos não contiveram a emoção. De fato, era um momento especial, que vai ficar gravado na memória e na história.

“Esse ambiente é sensacional. Um monte de gente falando um monte de língua diferente que não entendemos. É um momento mágico para quem gosta de futebol e cresceu vendo isso pela televisão”, resumiu o publicitário Arthur Oliveira.

Ontem, tudo era festa. O momento era tão precioso que torcedores de times rivais, como Atlético e Cruzeiro, São Paulo e Corinthians, conviviam pacificamente dividindo o mesmo espaço. Apesar de ser Copa do Mundo e uma partida que não tinha nada a ver com Brasil, muitos não conseguiram deixar a paixão clubística de lado.

Na esplanada, o torcedor tinha à disposição um centro de convivência com lojas de produtos oficias, bares, tendas de entretenimento oferecido pelos patrocinadores e uma mistura de cultura e línguas que impressionava.

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