Articulações nacionais podem inviabilizar terceira via em Minas

Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br
21/07/2018 às 15:51.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:32
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A formação de alianças em nível nacional, no âmbito das pré-candidaturas de presidenciáveis, tem alterado o desenho da corrida eleitoral em Minas em pleno período de convenções. O recente apoio — ainda não formalizado — do centrão ao pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) afunilou a disputa pelo governo do Estado, que agora tende ainda mais à polarização entre Antonio Anastasia (PSDB) e o atual governador Fernando Pimentel (PT), comprometendo a possibilidade de viabilizar um dos dois pré-candidatos da terceira via no Estado.

Formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade (SD), o bloco do centrão aderiu ao projeto de Alckmin na última quinta-feira, ainda que haja divergência entre membros avulsos dos partidos. Mesmo assim, o apoio mexeu com as estruturas dos pré-candidatos ao Palácio da Liberdade porque as legendas do centrão devem cobrar posicionamento alinhado nos estados, ou seja, em composições com o PSDB do senador Antonio Anastasia, no caso de Minas. 

Nos bastidores, líderes tucanos especulam sobre uma facilidade maior para atrair o apoio do DEM. “A decisão do centrão facilita o entendimento com o DEM, que irá se somar a outros partidos do centro que estão com Anastasia”, disse uma fonte tucana.
O deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM) ainda sustenta a pré-candidatura própria, mas disse que vai seguir a orientação nacional do DEM. 
“Minha tendência é aguardar a decisão do partido. Ainda que a decisão do DEM seja apoiar o PSDB nacionalmente, haverá uma liberação dos estados para fazer as composições que melhor sejam convenientes. Confio na sabedoria do DEM de nos liberar para seguir nosso caminho”, disse Pacheco.

O ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) também enfrenta situação delicada. Apesar de sustentar a pré-candidatura própria, ele espera um convite para ser vice de Ciro Gomes (PDT) em corrida à Presidência, abrindo mão do governo de Minas. Sem o apoio do centrão, Ciro deve intensificar o namoro com o PSB em nível nacional, o que aumenta as chances de Lacerda em compor com o pedetista. 
“Será o PDT ou não terá aliança. A inteligência do partido acha que precisa ter uma posição clara a respeito da posição nacional”, disse Lacerda. 

Ele também descartou a chance de composição com o PT. “Teve um movimento em São Paulo (de apoio ao PT) e em Pernambuco, mas está sendo atenuado. Porque uma aliança nacional com o PT não seria aprovada”, completou Lacerda.

"Será o PDT ou não terá aliança. A inteligência do PSB acha que precisa ter uma posição clara a respeito da posição nacional. Mas uma aliança nacional com o PT não seria aprovada"Márcio Lacerda

No plano nacional, o PT trabalha para atrair nomes de peso em uma composição tanto com o MDB quanto com o PSB, apesar das resistências de alas de ambas as legendas. 

Em Minas, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB) fez coro para uma aliança com os petistas, como forma de ampliar a bancada federal e estadual do MDB, além de demonstrar simpatia pela pré-candidatura do ex-presidente Lula, caso ele seja autorizado a concorrer. 

Porém, com a pré-candidatura própria do MDB alinhada em torno de Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa, o cenário pode mudar. Na hipótese de o PT ter outro candidato à Presidência, como são cogitados nomes como Fernando Haddad e Patrus Ananias, um apoio do MDB aos petistas pode ser revisto, afetando a aliança em Minas. 

“O MDB está acertando as suas diretrizes e quer formar uma chapa forte. É claro que o cenário pode mudar, principalmente com os apoios nacionais mais definidos. Mas uma coisa é o PT com Lula, outra é sem. Isso influencia, claro. E vamos aguardar para compor e, sim, outros partidos são bem-vindos”, disse Ramalho.

"Ainda que a decisão do partido seja apoiar o PSDB nacionalmente, haverá uma liberação dos estados para fazer as composições que melhor sejam convenientes. Confio na sabedoria do DEMRodrigo Pacheco

Convenções

Com as convenções marcadas para acontecer até 5 de agosto, segundo as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria dos partidos em Minas Gerais irá deixar a reunião que define as pré-candidaturas ao governo do Estado para os dois últimos dias do prazo. Confira abaixo a lista das convenções marcadas até o momento, por ordem cronológica:

Romeu Zema (Novo): 21 de julho (já realizada)
Antonio Anastasia (PSDB): 28 de julho
João Mares Guia (Rede): 30 de julho
Marcio Lacerda (PSB): 4 de agosto
Adalclever Lopes (MDB): 5 de agosto
Rodrigo Pacheco (DEM): 5 de agosto
Dirlene Marques (PSOL): Sem data definida
Fernando Pimentel (PT):  Sem data definida 

  

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