As lições das urnas

Do Portal HD
07/10/2012 às 07:13.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:52

Para o eleitor, a eleição mais importante deste domingo é aquela que ocorre em sua cidade, seja ela a capital do Estado ou o mais humilde dos municípios. Antigamente se ensinava nas escolas de jornalismo que uma pessoa se interessa mais por um animal que é atropelado diante de sua casa do que pelos cem trabalhadores mortos num acidente de mina de carvão na China. Um exagero, certamente. E de qualquer forma, depois do rápido processo de globalização econômica e do avanço das comunicações que hoje aproximam todos os povos, houve grande mudança na percepção e no interesse das pessoas.  O fato é que, para muitos, tão interessante quanto saber qual candidato será eleito hoje em sua cidade, é conhecer quem será vencedor nas eleições que se realizam neste domingo na Venezuela. Um país que vem sendo presidido desde 1998 por Hugo Chávez, um dos chefes de Estado no poder há mais tempo no mundo e que age como se o petróleo venezuelano lhe pertencesse. Pela primeira vez, o homem que se tornou popular na esquerda internacional por enfrentar, com sua doutrina bolivarianista, os Estados Unidos, tem um opositor com chances reais nas urnas.    Henrique Capriles ganhou o apoio maciço da oposição venezuelana, depois que sua candidatura se mostrou viável. Ele se apresenta como um político bem diferente de Chávez, conhecido por sua linguagem desabrida e por insultar publicamente os adversários. Capriles vem tratando o presidente com respeito e não perde tempo com picuinhas. Em vez de debates ideológicos, prefere discutir soluções concretas para problemas concretos das pessoas.    Diz que aprendeu isso, e também a se aproximar dos adversários para tentar discutir os problemas, como prefeito e governador. É uma lição que serve à maioria dos políticos brasileiros, pelo que se viu durante a campanha eleitoral.   Se vencer as eleições, Capriles vai mostrar ao mundo, mais uma vez, que um governo que abusa do poder pode ser derrotado nas urnas. Num âmbito mais restrito, pois foi eleito por um colégio eleitoral, não pelo povo, Tancredo Neves já havia demonstrado isso aos brasileiros, em 1985, enfrentando uma ditadura militar de duas décadas. É bem possível que movimento semelhante ocorra neste domingo, em incontáveis municípios mineiros – aqueles que Tancredo definiu como “burgos podres sem alma cívica” – dominados há anos por um mesmo grupo político que menospreza as regras democráticas.    A vitória será dos mineiros. 

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