Atentado em mesquita de Damasco mata líder religioso e outros 41

AFP
21/03/2013 às 16:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:07
 (Sana)

(Sana)

Um terrorista suicida acionou nesta quinta-feira (21) seu colete com explosivos em uma mesquita de Damasco, matando 42 pessoas, incluindo o mais conhecido líder religioso sunita pró-regime, Mohammad Saïd al-Bouti, em um forte golpe no poder de Bashar al-Assad.

O chefe da oposição síria, Ahmed Moaz al-Khatib, condenou o atentado que também deixou 84 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde. "É um crime sob qualquer ponto de vista, que nós rejeitamos totalmente", declarou à AFP, acrescentando que "suspeita do regime".

No atentado mais sangrento em Damasco desde fevereiro, o terrorista detonou seus explosivos durante uma celebração religiosa na mesquita Al-Imane, no bairro de Mazraa (norte), matando 42 fiéis, incluindo o xeque Mohammad Said al-Bouti e seu neto, indicou o ministério, acusando "terroristas".

O regime considera "terroristas" os rebeldes apoiados em seu combate contra as tropas do regime por jihadistas que reivindicaram diversos atentados suicidas, principalmente em Damasco, desde o início do conflito há dois anos.

O atentado não foi reivindicado, mas seu método lembra o da rede extremista Al-Qaeda.

Uma rede de notícias síria exibiu cadáveres espalhados no chão, partes de corpos no tapete encharcado de sangue da mesquita.

Membro de uma grande tribo curda que vive entre a Síria, a Turquia e o Iraque, Bouti, nascido em 1929, possuía doutorado em Ciências Islâmicas na Universidade Al-Azhar do Cairo.

Este homem frágil era conhecido na Síria por liderar as preces de sexta-feira na televisão oficial.

Odiado pela oposição amplamente sunita, ele havia sido inclusive expulso de uma mesquita em Damasco em julho de 2011 por ter declarado: "A maioria das pessoas que vêm às orações de sexta-feira e que saem em seguida para protestar (contra o regime) não sabe nada de oração". Avanço rebelde

Esse foi um novo duro golpe para o poder, já que o religioso representava um apoio sunita de peso para um regime dominado pelos alauitas, um ramo do xiismo.

Enquanto isso, no sul do país, os rebeldes avançaram na parte das Colinas de Golã que não está sob ocupação de Israel e nas região de Deraa.

"Eles lançaram ataques coordenados em vários setores de Golã, assumindo o controle de localidades na província de Qouneitra", declarou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Na província de Deraa, submetida a ataques da aviação do regime, combates eram travados em várias regiões e os rebeldes "tomaram o prédio do clube dos oficiais", indicou o OSDH.

Segundo uma fonte dos serviços de segurança sírios, cerca de 2.500 rebeldes, treinados e fortemente equipados, entraram em Deraa nas últimas semanas.

No início de março, a revista alemã Spiegel indicou que os americanos treinam rebeldes na Jordânia e o jornal britânico Guardian informou que instrutores franceses e britânicos participam desses treinamentos.

Em todo o país, a violência deixou pelo menos 120 pessoas mortas nesta quinta-feira, segundo um registro provisório do OSDH, em um conflito que deixou mais de 70.000 mortos desde o início da revolta, em março de 2011, que se militarizou frente a repressão. Investigação sobre armas químicas

Na terça-feira, pela primeira vez no conflito, rebeldes e o regime se acusaram mutuamente da utilização de armas químicas, mas nenhuma confirmação de fonte independente pôde ser obtida e o governo de Damasco exigiu uma investigação da ONU.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou o início "desde que possível na prática" . O governo acusou a oposição de ter recorrido a armas químicas em Khan al-Assal, perto de Aleppo (norte).

Segundo a oposição, foi o regime que utilizou armas químicas em Khan al-Assal e em Atayba, a leste de Damasco. Paris e Londres pediram uma investigação sobre "todas as alegações".

Em visita a Israel, o presidente americano, Barack Obama, se disse "muito cético" sobre um recurso dos opositores a armas químicas e alertou o regime para a sua utilização "contra o povo sírio ou sua transferência à grupos terroristas".

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