Ato pede rapidez em investigação de sumiço de repórter

Julio Cesar Lima
18/10/2012 às 18:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:20

O desaparecimento do jornalista Anderson Leandro, de 38 anos, no dia 10, quando ele saiu da produtora 'Quem TV", onde trabalhava, para ir a Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba (PR), ainda continua sem resposta. Para cobrar agilidade das autoridades nas investigações, um grupo de 150 pessoas - entre familiares, populares e representantes de movimentos sociais e sindicais - percorreu, em passeata, o centro da capital do Paraná na manhã desta quinta-feira (18). O caso, que estava sob responsabilidade da Delegacia de Vigilância e Capturas, passou para o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que informaram estar na "estaca zero".

O padre Agenor Martins da Silva, de 52 anos, irmão do jornalista, pároco da Congregação da Santíssima Trindade, em Campo Grande (MS), e um dos coordenadores do Movimento Cadê Anderson Leandro, acentuou que a família está preocupada. "Nossa família, em primeiro lugar, ficou muito agradecida às autoridades por ter passado o caso para os grupos de elite, mas também aguardamos respostas, pois todas as informações levantadas foram repassadas por nós", disse.

Na opinião de padre Agenor, o fato de Leandro trabalhar com a produção de programas com movimentos sociais e sindicais pode ser um dos motivos. "A polícia tem atuado em diversas linhas, inclusive essa, mas não tem nos repassado o que tem feito. Temos, porém, a certeza absoluta que isso (desaparecimento) aconteceu por causa de sua ligação com os movimentos populares", afirmou.

O advogado Antônio Leandro da Silva Filho, de 40 anos, irmão do jornalista, afirmou que "não há registro em celular, câmeras que tenham filmado, enfim, algo mais consistente". Silva Filho descartou a possibilidade de o sumiço do jornalista estar relacionado ao processo interposto pela família contra o governo do Paraná, quando ele foi atingido pela polícia com um tiro de borracha quando fazia reportagem sobre uma desapropriação de sem-teto na capital paranaense, em 2008. "Não houve nada contra os policiais, eles foram absolvidos pelo IPM (inquérito policial-militar) instalado na época e nossa ação foi contra o Estado", disse.

A família de Anderson Leandro - ele tem um filho de 15 anos - é original de Lapa, cidade a 60 quilômetros da capital. No total, são 12 irmãos (cinco mulheres e sete homens). O advogado lembrou os momentos mais recentes vividos com o jornalista. "No final da semana das eleições, fizemos um encontro de nossa família, quase 200 pessoas, de todas as partes. Ele estava muito bem, tranquilo, infelizmente aconteceram essas coisas depois."

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR), Guilherme Carvalho, o movimento tenta despertar, entre outras coisas, o direito à livre expressão no País. "Estamos pedindo uma solução para as autoridades; além disso, defendemos o direito das pessoas a ter acesso à informação", disse, lembrando que Anderson Leandro "desempenhava trabalhos com grande apelo junto às camadas mais pobres".
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